Por
que os nordestinos não se curvam?
Por
que?
Por que os nordestinos não obedecem à nossa ordem
militar,
agressiva, autoritária?
Por
que os nordestinos não têm medo de nossa força,
nossa
arma, nosso porte imperativo?
Por
que essas mulheres e esses homens nunca se curvam
aos
nossos ditames, aos nossos costumes, ao nosso sotaque?
Por
que eles rejeitam os nossos líderes
os
nossos machos, os nossos “achos”, nossos viris?
Por
que esses nordestinos, esses “baianos” e “paraíbas”,
- todos
d’uma figa! -
não
reconhecem a sua inferioridade regional?
Por
que eles se apegam às antigas memórias
como
Conselheiro e Lampião?
Por
que celebram uma tal Dandara, Maria Bonita e Mãe Menininha do Gantois?
Por
que esses nordestinos não esquecem de suas raízes
e
se submetem às nossas memórias?
Por
que o Nordeste os acompanha em nossas terras?
Por
que, apesar de nossas novelas, de nossas mídias e nossas telas
Eles
não votam em nossos candidatos/as?
Por
que? Por que esse Nordeste ainda insiste?
Por
que essa região ainda resiste
à
nossa brancura, ao nosso charme irresistível e à nossa alvura celestial?
Por
que eles desconfiam de nossa competência inquestionável?
Por
que não aprendem a ser gente como a gente assim o é:
superior,
inteli-gente, gen-til, ele-gante, bem fal-ante
atu-ante,
compe-tente, empren-dedor, po-tente.
Por
que eles insistem nesse péssimo destino
de
continuarem sendo eles mesmos?
Desconfiamos:
esses nordestinos não são gente,
tai nosso pesadelo!
tai nosso pesadelo!
Joselito
Manoel de Jesus, Nordestino