Militares,
juízes e agentes de polícia foram incentivados pelo contexto a ocuparem o campo
político. A era dos capitães parecia promissora para eles. E parecia a
princípio que assumiriam cargos decisivos no aparelho de Estado para servirem
com denodo, disciplina, honestidade e transparência, governando para o povo,
instaurando uma nova política neste país. Qual nada. Eles apenas se juntaram à
roubalheira geral da nação e fizeram até pior em plena pandemia!
O
caso do ex-juiz Wilson Witzel é um exemplo bem claro e explícito. Chegou cheio
de moral, batendo continência para todo lado, como um sinal a disfarçar suas
intenções para a turma da geral. Assumiu a governadoria do Rio como se fosse
dar um ponto final a toda uma tradição de roubos, assaltos aos bens públicos
pertencentes à população. Parecia por fim à “garotinhos”, “pezões”, “cabrais” e
afins. Mas ficou claro que não. Ele não somente não rompeu com esta tradicional
roubalheira geral como afundou ainda mais o pé na jaca, e bem em meio a uma pandemia!
Contornos de perversidade foram acrescidos a tais práticas marginais promovidas
pelos próprios poderes públicos. De juízes assim o inferno tá cheio!
Outro caso, a que gerou a "Operação Faroeste" da Polícia Federal na Bahia, a partir do Ministério Público Federal, mostrou o quanto desembargadoras, juízes e advogados, incluindo delegada e o próprio Secretário de Segurança Pública da Bahia, estes como suspeitos, estavam envolvidos em grilagem de terras no oeste da Bahia a serviço de interesses privados. Eu fico imaginando. Pessoas que não precisam de dinheiro para ter uma vida confortável se envolvem nessas tramamóias. Mas quando um pobre coitado se envolve no tráfico de drogas, muitas vezes para sobreviver - pois quem ganha com o tráfico de drogas são brancos bem posicionados nas altas classes sociais - a polícia invade seu terrítório com a autorização para matar. Sou a favor do tráfico de drogas? Não. Sou a favor da justiça. Matem também desembargadores e desembargadoras, juízes/as, advogados/as envolvidas com crimes; invadam condomínios de luxo e coberturas de edifícios de bairros nobres e aí a balança será equilibrada.
O
homicídio culposo é quando o réu não tem intenção de matar. Mas roubar o estado,
a prefeitura, a Câmara de Vereadores, em plena pandemia causada pela Covid-19,
desviando recursos escassos do sistema de saúde é, sem dúvida, homicídio doloso,
pois estes atos causaram muitas mortes desnecessárias na população. Eles sabiam
que isto iria acontecer. Eles só queriam roubar, enriquecer mulheres, filhos e
filhas, a fim de fortalecer suas “famílias” neste território que mais se parece
um faroeste, no qual o mais rápido no assalto e nas articulações entre
bandidos, formando quadrilhas no poder, é quem permanece vivo na cena política,
sem direito a mocinhos. Um faroeste só de bandidos que usam estrelas no peito,
como se fossem xerifes. Um “Faroeste Caboclo” sem direito a “Santo Cristo”.
Dos
generais que assumiram o poder neste governo genocida do Bolsonaro, o pouco que
tive acesso quando eles falam em público, denota que são homens bem limitados
cognitivamente. Nada os diferencia dos velhos políticos que ocupam o poder de Estado
a serviço de si próprios. Uns chegam a ser patéticos! Outros demonstram
claramente seu racismo, sua subserviência a determinações que conduzem a
população brasileira à morte. Por eles, a ideia que tenho é de que a elite da
força militar de nosso país não consegue selecionar os melhores. Pobre das Agulhas
Negras! Imaginava que um general era alguém que se destacava entre os militares
em inteligência, bom senso, capacidade de tomar decisões rápidas e estrategicamente
eficientes em contextos de tensão e de ameaça. Mas a tomar Mourão, Augusto
Heleno e Pazuello como exemplos, percebo que uma força inimiga não teria muita
dificuldade em tomar este país de assalto. Só posso deduzir que tais indivíduos
chegaram a ocupar tais postos por práticas de puxa-saquismo, lambendo botas de
superiores para obterem simpatia e irem galgando posições nas forças armadas
brasileiras, repetindo assim toda uma tradição patrimonialista – o amigo, o
parente – que deformou este país desde que os portuga aqui chegaram com suas
capitanias hereditárias.
Esperávamos
que os generais fossem generais, honrando a disciplina, a defesa dos interesses
nacionais e adotando as estratégias mais eficientes e eficazes para combater a Covid-19
que já ceifou mais de 200.000 vidas em nosso território. Esperávamos que esses
homens zelassem pela sua postura, pelos ideais mais amplos que orientam homens e
mulheres de farda. Mas não. Nada os diferencia das velhas raposas da política
brasileira. O general Pazuello é uma piada de mau gosto! Um boneco vazio de
alma, manipulado pelas determinações do Genocida a quem serve. Um idiota útil
para serviços sujos. E isso termina contaminando as próprias forças armadas.
Excetuando-se o General Santos Cruz, que tem postura de militar comprometido
com seu país, entre outros poucos que já foram afastados e se afastaram desse
desgoverno criminoso.
Juízes
envolvidos em desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia,
generais sabotando o combate à covid-19, ministro da economia aumentando impostos
sobre os cilindros de oxigênio, são exemplos de como os privilegiados desse
país se articulam numa grande rede para eliminar sua população com reformas
previdenciárias, práticas incendiárias, perseguições a dissidentes, mentiras e
desinformações distribuídas pelos porões das redes sociais, torturando a
verdade, e agora a asfixia da população de Manaus pela negligência dos poderes
estatais, sob a liderança de Jair Messias Bolsonaro, denota o quanto os militares
deste país se tornaram tal qual ou até piores que os políticos tradicionais.
Isso
tudo demonstra também como o povo brasileiro, que verdadeiramente carrega esse
país nas costas, sustenta uma casta de juízes/a, desembargadores/as, militares,
políticos e empresários que posam de competentes, de mais eficientes e
trabalhadores/as, mas não passam de uns bostéticos ostentando “autoridade”. São
pessoas acostumadas a privilégios, que nunca vão sentir o sol pesando sobre
seus ombros em trabalhos duros, pois sempre foram servidas e bajuladas pelos
serviçais que os cercam. São pessoas que nunca foram questionadas profundamente
sobre o seu papel no desenvolvimento da sociedade brasileira. O racismo
entranhado no aparelho de Estado é um dos vetores que sustentam a reprodução
dessa gentalha que nunca foi a uma guerra mas tem o peito cheio de estrelas por
“bravuras” imaginárias. Eu tenho nojo dessa gentalha e me envergonho
profundamente de dizer que sou brasileiro quando o que temos de comparação é
essa pseudo elite que nos governa e nos enterra a cada ano com suas reformas
assassinas.
Joselito
Manoel de Jesus, Professor