sábado, 15 de maio de 2021

RIO DOS CLÃS: MARINHOS E BOLSONAROS NO COMANDO

Não se enganem. O mesmo mau gosto, cafonice, cinismo, falta de empatia, violência e malandragem do Bolsonaro e do seu clã, é o mesmo mau gosto da Rede Globo que convivem no mesmo território carioca, além das demais redes de tv aberta no Brasil, com exceção da TV Cultura, TV Educativa (TVE). Os programas da Globo, Record, Band e SBT são programas para bobos assistirem, para idiotizar o povo brasileiro, já desprovido de educação, saúde e segurança. Para isso, por exemplo, a Rede Globo não apresenta perspectivas, soluções, caminhos objetivos. Muito pelo contrário: alimenta ilusões através de novelas que só mudam os rostos, mas as tramas e personagens continuam os mesmos e as mesmas. Faustão, Luciano Huck, Ana Maria Braga, William Bonner, Míriam Leitão entre outras e outros, são porta-vozes dessa rede intricada de más intenções, de mau gosto, de superficialidade argumentativa, de ausência de pesquisa e de reflexão sistemática e coerente e, infelizmente, quando você vai a clínicas, hospitais, concessionárias, rodoviárias, aeroportos etc., parece que é a única rede de tv no Brasil, atingindo milhões de pessoas e influenciando, através de processos manipulatórios, o pensamento da população deste país.

Mesmo sabendo que o “Rio de Janeiro continua lindo”, parece-me, ao examinar os fatos, que este território é laboratório de bandidos, de traficantes, milicianos, governadores e governadora larápios/a, que surrupiam o direito do povo em forma de corrupções diversas entranhadas no aparelho do Estado. Terra de ninguém é o que me parece ser o Rio de Janeiro. Além disso, é o mesmo território aonde a Rede Globo está encastelada, disseminando programas chulos, de gosto duvidoso, com baixíssima possibilidade de levar o telespectador à reflexão, muito pelo contrário: produz manipulações permanentes, todos os dias, incluindo os programas jornalísticos da Globo News, no qual após uma notícia de aumento salarial do trabalhador apresenta em seguida a notícia do “déficit estatal”, produzindo a percepção de que nós é quem somos responsáveis por esse “déficit”. Na verdade, nós, os trabalhadores e as trabalhadoras que produzem a riqueza deste país, é quem sustentamos, através de pesados impostos, os militares de altas patentes que se acham os heróis de uma guerra que nunca travaram, mas quando têm de enfrentar o contraditório, pedem socorro ao STF (Supremo Tribunal Federal) se borrando de medo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Congresso. Alimentamos os privilégios de uma casta de juízes/juízas e desembargadores/as e dos políticos que ficam mais ricos a cada legislatura, procuradores e agentes especiais do Ministério Público.

O Domingão do Faustão, como a própria rima sugere, é um programa dominical para idiotas. Um cara ganhando uma fortuna para falar um monte de bobagens, uma besteira atrás da outra, com perguntas tolas, superficiais, que mal tocam nos dilemas mais imediatos e reais do povo brasileiro, que, sem se dar conta de sua realidade, ri daquelas palhaçadas mal elaboradas. Os demais programas são de baixa interatividade, tratando a população apenas como uma telespectadora burra que, passiva, acolhe aquele monte de lixo ideológico derramado todos os dias, do Jornal da Manhã, da TV Bahia, passando pelo Bom Dia Brasil até os programas da madrugada.

Quando você muda de canal e começa a assistir a TV Educativa e suas afiliadas, percebe a qualidade de programas como “Café Filosófico”, “Senhor Brasil”, “Opinião”, “Provoca”, “Linhas Cruzadas”, “Jornal da Cultura” – com uma crescente interação com o público – “Mundo Museu”, “Cultura Cidadania”, “Quintal da Cultura”, “Roda Viva”, “Clássico”, “Cabaret Literário”, “Elas” – programa que desvenda histórias e lendas de mulheres do cotidiano que se tornaram referências – “Repórter Eco”, “Matéria de Capa”, além da grade de programação das afiliadas locais, que também são muito interessantes porque trazem o povo como protagonista, exercendo suas autorias e criações inovadoras no campo da arte, da cultura, da política, da organização social e inventividade econômica, nas diferentes produções que são marginalizadas pelo domínio das demais redes de tv aberta como a Globo, Record, SBT e Bandeirantes (Band).

Quando você compara, percebe a riqueza dos programas advindos da Tv Cultura e a baixa qualidade dos programas das demais tv’s abertas, conseguindo identificar as manipulações presentes nos discursos unidirecionais dos/as âncoras e apresentadores/as desses programas. A Rede Globo, por ser a mais assistida, é a mais prejudicial à emancipação intelectual da população brasileira, disseminando sua forma única de ver o mundo e o ser humano nele, mantendo jornalistas sob rédea curtíssima, de modo que suas notícias são parciais, não mostrando as principais dimensões e aspectos envolvidos. O mesmo projeto de Bolsonaro de se manter no poder com utilização de recursos envolvendo a bravata, a manipulação via fake news, o uso da força  e até o genocídio populacional etc., é o mesmo projeto da Rede Globo, da TV Record, da Band, do SBT de se manterem soberanas nos domicílios deste país, com Sílvio Santos, Edir Macedo, o clã Marinho e os acionistas majoritários da Rede Bandeirantes.  

Nos programas dessas emissoras não se discute a questão da mulher. A mulher que aparece nesses programas apenas repete o script para o universo feminino conservador que mantêm a feminilidade no silêncio, em condições inferiores nas relações de gênero, com raras exceções. O preto e a preta não aparecem de modo empoderado, no protagonismo de programas que discutem com profundidade a questão racial no país e mostram pretas doutoras e pretos doutores bem sucedidos/as orientando a sociedade em diferentes ramos do saber e da ciência, como a Tv Cultura faz; as comunidades locais mal aparecem na Record - a não ser de modo caricato em programas comandados pelo pseudo jornalista, pseudo humorista e palhaço mal formado "fulano de tal" -, no SBT, na Band, na Globo e, em nosso caso TV Bahia, a não ser como coadjuvantes de situações de crime, violência, protestos contra mortes violentas de sua juventude. Dificilmente aparecem como produtoras de cultura, criadoras de economias criativas e solidárias como a TV Cultura e a TV Baiana. 

Portanto, você pode escapar da idiotia a que nos remetem essas redes de emburrecimento e de produção da imbecilidade nacional, mudando de canal, mudando para a Tv Cultura, a Tv Educativa, a Tv Baiana, e ocupando as redes digitais, exercendo autorias no ciberespaço e participando coletivamente e solidariamente de produções ciberculturais, a fim de não se trair, nem se dis-trair demais de si mesmo/a, apartando-se de seu contexto social, cultural, econômico e político, rindo de suas próprias desgracenças e tirando sarro dos perrengues de sua própria gente e de si mesmo, como Faustão sabe fazer tão bem contra nós. Embora o Rio de Janeiro continue lindo, a lama produzida nesse rio terminou emporcalhando esse território a tal ponto que o próprio Cristo Redentor fechou os braços e colocou as mãos nas narinas. 


Joselito da Nair, do Zé, da Ana Lúcia, do Rafael, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel    

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