quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vampiros modernos: sangue, suor e cerveja

Creio que vivemos na época do homem sem gravidade, conforme aponta os estudos do psicanalista Charles Melman. O homem sem gravidade é este ser humano contemporâneo, descomprometido com valores, sem preocupar-se com conseqüências dos seus atos, querendo o gozo imediato, a qualquer custo. Este sujeito não tem convicções, vive cada dia em busca desse prazer fugaz, esvaziado de sentidos e sem futuro. É um humano do presente, sem futuro, sem passado. É uma sombra humana que vaga na terra, sedenta de prazer, como um vampiro moderno. Uns atropelam e matam sem remorso; outros cheiram cocaína e devoram, outros fazem sexo sem camisinha, se contaminam e contaminam. Outros roubam, compram e realizam desejos mesquinhos nos shopping's dos centros urbanos. Angelus Silesius, místico medieval, já afirmava: "Se em teu centro, um paraíso não puderes encontrar, não existe, chance alguma de, algum dia, nele entrar. O sonho é o ponto de partida para almas vazias de humanidade não ficar vampirando toda uma vida. Os sonhos exigem disciplina, convicção, crenças profundas e ações articuladas.

Mas, infelizmente, vivemos nessa geração destituída de sonhos, mortos-vivos andantes, devorando vidas como forma de realização de desejos doentios. Há muitos jovens que vivem de vampiro no pescoço dos pais. Sugando toda a seiva de vida daqueles que lhes trouxeram ao mundo, realizando seus desejos mesquinhos. Dinheiro pra academia, dinheiro pro carnaval, dinheiro pras festinhas, para a praia, para o boteco, para as viagens, para o São João, dinheiro pra faculdade – mais virtual que real -, dinheiro pra deixar as madeixas cheias de "luzes", dinheiro pro salto alto e pro shortinho onde a bunda fica melhor delineada para os olhos admirados dos homens, dinheiro até pra cocaína e para o motel. E sugam, bebem todo o sangue, o suor e a cerveja, alimentando-se da vida de seus familiares e nem sendo, ao menos, “como os nosso pais”. Os vampiros existem e se alimentam de sangue alheio. Os antigos vampiros não se refletiam no espelho, os modernos vampiros não refletem. Ou seja: são destituídos da capacidade de reflexão, têm uma moral relativa e um cinismo absoluto. Além disso, não refletem sonhos, não são portadores de futuro, nem de idéias emancipatórias. Eles podem estar ao seu lado e você pode não se dar conta do filete de sangue que corre pelo canto da boca de quem te suga, "te sanguessuga", te morde, de chupa, de mata, sem te dar prazer algum. Van Helsing ficaria enlouquecido em nossos tempos e o pobre Conde Drácula, outrora tão temido, teria muito a aprender com a nova geração...

Autoria: Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

2 comentários:

  1. gostei, zelito. esse texto foi escrito das entranhas... com mto sangue... rssss... brincadeiras à parte, com certeza o que mais temos em tempos contemporâneos eh vampiros! como vc bem disse, vivem do sangue alheio. e como combater esse tipo de vampico? n sei... antigamente a cruz, o alho e por aí vai, serviam... agora, vai ser preciso falar com blade e sua equipe! abraço.

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  2. É só o Negão em ação! E olhe lá. Se ele vacilar vai tá criando um vampirinho ou uma vampirinha em casa. Réréré.

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joselitojoze@gmail.com