Como confiar no combate ao crime se o dinheiro do crime compra juízes,
desembargadores, advogados, policiais e outros mais? Refiro-me aos últimos fatos
revelados pelo Ministério Público Federal (MPF) na denominada “Operação
Faroeste”. Nesta, uma desembargadora, Maria do Socorro Barreto Santiago – presa
desde novembro do ano passado – e a sua filha, Amanda Santiago; o juiz, Sérgio
Humberto de Quadros Sampaio, Márcio Duarte Miranda e os advogados Ricardo
Augusto Três e Valdete Stresser são acusados de atuar num esquema criminoso para
atender interesse de uma imobiliária envolvendo terras no oeste baiano,
recebendo um valor mínimo de 1 milhão, 136 mil, 889 reais e 90 centavos como
pagamento pelos serviços sujos prestados.
A desembargadora recebeu R$ 400.000 e
o juiz R$ 606.000. Além dela, a desembargadora Lígia Ramos Cunha, que recebeu R$
950.000 foi transferida para um presídio no Distrito Federal na segunda-feira,
21/12/2020. Além dela, a também desembargadora Ilona Reis também teve prisão
preventiva decretada e está presa na Papuda.
De acordo com o pedido do MPF, que foi enviado na sexta-feira (18), as desembargadoras criaram organizações criminosas especializadas em vendas de decisões e lavagem de dinheiro, com atuação nos conflitos de terras do oeste baiano e outras regiões. As magistradas contavam com a ajuda de advogados. (https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/12/21/desembargadora-presa-na-operacao-faroeste-por-suspeita-venda-de-sentencas-e-transferida-para-df.ghtml)
Na prática, essas pessoas não precisam de dinheiro, já que ganham mais que o
suficiente para terem uma vida confortável ao longo de suas existências
profissionais, contando com os auxílios moradia entre outros “auxílios”. Mas
elas querem arreganhar. E arreganham! Arreganham a justiça baiana, o Estado da
Bahia e a república brasileira inteira com sua ganância desmedida que apelam
para o dinheiro sujo que o crime produz. Arreganham, sobretudo, nossa confiança
no poder jurídico desse país, cujos “bandidos de toga” agem à margem do controle
público. Daí vem a importância dos Ministérios Públicos, também eles com seus
comprometimentos, mas, sobretudo, com seus/suas interlocutores/as atuando pelo
restabelecimento da justiça. O Tribunal de Justiça da Bahia se encontra em
xeque. O Secretário de Segurança Pública foi afastado e uma delegada também.
Nós, os simples mortais, que alimentamos com nossos impostos todos os
privilégios dessa gente, vivemos no limite da sobrevivência, mas observamos um
Estado em frangalhos, com um sistema jurídico comprometido, no qual reina o
silêncio conivente de muitos/as outros/as que é muito mais revelador do que
ocorre nos bastidores da justiça baiana. Que confiança podemos ter nas sentenças
que são dadas por desembargadores/as e juízes/as em nosso Estado agora? Quem
julga o juiz? Serão aposentados/as recebendo seus salários integrais? O Tribunal
de Justiça da Bahia tomará alguma posição? E por que o Secretário de Segurança
Pública foi afastado? Tem ligação direta com tais crimes? São perguntas que
ficam aí procurando respostas. Enquanto as respostas se escondem nos silêncios
das autoridades, fugindo pelas portas laterais das estruturas montadas para
servir aos faroestes e "farolestes" criados pela corrupção sem sentido.
Joselito M de Jesus, Professor.
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/12/21/desembargadora-presa-na-operacao-faroeste-por-suspeita-venda-de-sentencas-e-transferida-para-df.ghtml.
MPF denuncia juiz, desembargadora e mais seis pessoas. Jornal A Tarde, p. A8; Salvador; terça-feira, 22/12/2020.
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