1. Está disposta a sofrer ou aceitar mudanças adquiridas pela vida.
2. Que o ser humano é um ser pensante e cheios de dúvidas em determinados assuntos, nos quais tem uma inteligência, pois vai em busca de tirar suas dúvidas para não ficar confuso.
3. O ser humano é burro.
4. Busca o conhecimento, para assim saciar suas dúvidas diante dos mitos apresentados diariamente.
5. É um ser complexo, devido estar em constante mudança.
6. O ser humano necessita “abrir” mais a mente para os problemas e tentar buscar possíveis soluções em conflito.
7. É um ser que pensa.
8. Desenvolve questionamentos que podem contribuir com sua experiência de vida.
9. O homem difere dos outros animais.
10. Tem um conhecimento útil.
11. Aprenda a filosofia da educação pensando rigorosamente sobre os fenômenos educativos.
12. É um ser capaz de compreender a si e o mundo ao seu redor.
13. Que só sei que nada sei.
14. O ser humano é capaz de superar limites, os quais ele mesmo desconhece.
15. Que o ser humano é uma espécie única porque só ele é capaz de viver ou morrer pela sua ânsia ou desejo por respostas e aprender com as perguntas que ele mesmo propõe.
Evidentemente que tem coisas óbvias, embora, se não me engano, Oscar Wilde afirme que o óbvio não existe. Há uma disposição em aceitar as mudanças que a vida em sua dinâmica impõe? A afirmação primeira aponta algum sofrimento nesse processo. É uma discussão longa, que vem desde quando a modernidade começou a se instaurar. Qual a capacidade do ser humano, adaptado à vida no cultivo da terra, ao tempo natural (tempo de preparar a terra, tempo de semear, tempo de colher, tempo de dormir, de acordar) de se adaptar aos novos processos e relações que a modernidade começava a impor? Há, realmente, algum sofrimento nisso. Quem tem sua vida organizada, seu mundo conhecido e rotineiro, e, repentinamente, precisa mudar rapidamente em função de múltiplos fatores, sente a perda do lar, do conhecido e aceito intimamente. E nossa experiência nos ensina que o ser humano, dentre todos os animais, não se contenta em adaptar-se ao mundo, como os demais animais. Ele, O ser humano, não gosta de ficar confuso. Busca respostas para sua existência e começa a filosofar: “Porque a vida? E porque a consciência da vida?” (Karl Popper). Como homo sapiens o ser humano quer transformar o que existe em função do que entende como seu bem-estar. E a sua relação com a natureza adquire um caráter histórico e antropológico imprescindível.
Através do trabalho o ser humano transforma a natureza e cria, pela tecnologia, coisas fabulosas e impensáveis de uma geração para outra. Mas, como afirmou um de vocês: “o ser humano é burro”. De fato. Foi o cineasta e ator Charles Chaplin que afirmou, não necessariamente com as mesmas palavras, que o ser humano inventou aviões, submarinos, máquinas fenomenais de guerra, produtos incríveis, entre outros. Mas não conseguiu aprender ainda a simples arte de amar. Por isso, embora o ser humano seja inteligente do ponto de vista cognitivo, por outro lado, do ponto de vista emocional, ele ainda é burro, entendendo-se “burro” como ignorante. E a nossa escola pública e privada ainda negligencia a inteligência emocional, a dimensão afetiva que nos caracteriza, em última instância, como seres humanos. Parafraseando Descartes, poderíamos elaborar outra máxima filosófica: Amo, perdôo, cuido, respeito, logo existo. E essa é uma questão filosófica das mais relevantes: é o ser humano um ser contraditório? Está fadado eternamente a viver entre o sapiens e o demens, entre o bem e o mal, Deus e o diabo? A nossa experiência humana mostra claramente essa contradição de um ser que, ao mesmo tempo que luta pela ecologia, pela vida, pela caridade e pelo perdão, capaz de doar a própria vida em nome de uma causa nobre, também é capaz de destruir a natureza em nome da mesquinhez do capital. Também é capaz de matar impiedosamente, até os próprios familiares; capaz de abusar sexualmente de crianças indefesas, roubando merendas de crianças carentes das redes públicas municipais de ensino, como os prefeitos do Estado da Bahia que foram presos recentemente na operação “carcará”, e das mais nefastas loucuras. Uns duvidam da existência de Deus e afirmam que ou Deus é bom ou ele é onipotente. Pois se ele é bom e deixa acontecer tantas coisas ruins é porque não tem onipotência ou, se for onipotente, e, portanto, pode tudo, mas deixa acontecer tantas coisas malévolas, é porque não é bom. (Arnold Toinbee, historiador inglês)
É Kant quem pergunta: Que é o homem? Que devo fazer? Que me cabe esperar? Esse humano apresenta uma ânsia “para assim saciar suas dúvidas”. “É uma espécie única porque só ele é capaz de viver ou morrer pela sua ânsia ou desejo por respostas e aprender com as perguntas que ele mesmo propõe.” Por isso, no pensamento filosófico, o ser humano necessita “abrir” mais a mente para os problemas e tentar buscar possíveis soluções em conflito. Como diria um personagem de novela, encarnado pelo ator José Wilker (Novela Renascer), “é justo, é muito justo, é justíssimo”. Muitas vezes a gente pensa dialeticamente e age metafisicamente. A gente procura evitar o conflito, procura dar um jeitinho diplomático em tudo, mas não elimina as perversidades e iniqüidades sociais que, por isso mesmo, se tornam crônicas. Vejam um trechinho da poesia de Marina Colasanti sobre isso...
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. (1972) Sugiro visita ao site http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp
Um bom exemplo é o cotidiano de nossos lares. Quando nossa mãe vai envelhecendo, e não consegue mais lavar roupas, a gente não discute a injustiça que isso representa, uma pessoa que já contribuiu tanto para a nossa vida, ainda tendo que limpar nossas sujeiras? Ao invés de refletirmos sobre isso recorremos ao mercado e ao fetiche da mercadoria: compramos uma máquina de lavar de marca “da boa” e, mercadologicamente, “resolvemos” paliativamente, nossas injustiças. E, quando a gente pensa que sabe alguma coisa, a Filosofia nos ensina “que só sei que nada sei.” Ora, se Sócrates que foi Sócrates, disse isso, quem somos nós para, arrogantemente, utilizar o saber como status e indicador de hierarquização social? O saber deve ser captado como sabor. É aí que ele fica gostoso.
Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel
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