quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sobre a arte de ter

Há muita coisa que te espera
mas que nunca vais alcançar.
Há muita coisa que te aguarda ansiosa
nos futuros imprecisos.

E nunca vais alcançar todas as coisas.
E embora saibas disso
queres tudo que existe.

Tudo que tu não tens
te trazes infelicidade,
nada do que tu tens
tu tens em profundidade.

Pois tenhas a seu redor
as coisas e, nelas,
o que há de melhor.

Aproveites a sua cama
para adormecer com todo o seu conforto
Toques a maçaneta da tua porta
e gire-a com pensamentos para dentro.

Pises o seu tapete e te deixes cair no sofá.
Aproveites todo o silêncio existente
ouças a casa e todos os seus discretos sons.

Tenhas tudo sem teres nada,
ponhas tudo a teu serviço: os papéis,
a agulha, o rack, a toalha, os talheres,
as pequenas coisas invisíveis.

E assim vais descobrindo quanta coisa que não tinhas!
embora quisesse comprá-las novamente
no vício colorido das vitrines.

E podes alcançar tudo a seu redor
e ir além.
Em tua casa tu tens tudo
Embora penses, desgraçadamente, que nada tens.


Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

joselitojoze@gmail.com