quarta-feira, 17 de abril de 2013

Política, Poder entre evangélicos e movimentos LGBTTIS

Estou lendo agora na internet a seguinte manchete:

Silas Malafaia organiza manifestação contra o casamento gay em Brasília

Por Isadora Peron, de O Estado de S. Paulo, estadao.com.br - ‎terça-feira‎, ‎16‎ de ‎abril‎ de ‎2013
Esta notícia, lendo com os óculos dos nossos estudos na disciplina, mostra que há uma tensão crescente entre grupos evangélicos, grupos gays, movimentos feministas e movimentos negros na sociedade brasileira. O que está em jogo? O poder. Poder de decidir a sua vida, de orientar-se pela sua religião, de punir quem desrespeita sua origem, sua raça e etnia, etc. Quando Malafaia convoca seus seguidores, inclusive com a participação do deputado/pastor Feliciano, ele está reunindo parte da sociedade civil, no caso, grupos de evangélicos, para pressionar a sociedade política, no caso o estado e, especificamente, o poder legislativo – Congresso Nacional – a fim de impedir que uma exigência de direito seja atendida no plano jurídico – se torne lei – de grupos sociais específicos – no caso os homossexuais. Vamos retomar o conceito de poder por Norberto Bobbio?
Capacidade que um indivíduo, grupo ou instituição tem de modificar o comportamento de outro indivíduo, grupo ou instituição segundo os seus interesses.
Logo, o pastor Malafaia está exercendo essa capacidade, conclamando indivíduos, grupos e instituições (religiosas no caso) para modificar o comportamento de outros indivíduos, grupos e instituições – relativas aos gays e seus movimentos e anseios – segundo seus interesses, que é o de impedir que o casamento gay seja aprovado no Congresso Nacional.

Ora, mas o poder não é linear. “A arena política é inevitavelmente polarizada”. (DEMO, 2006, p.23). Haverá, certamente, manifestações de intelectuais, artistas e dos grupos gays em defesa da aprovação da lei. A tensão aumenta, os deputados e senadores ficarão pressionados por ambos os lados e terão de decidir. Mas, como tudo no Brasil, penso que tudo será resolvido no adiamento da decisão ou, realmente os representantes legislativos terão de posicionar-se através do voto, que eles e elas, tentarão votar em segredo. Entra aí outra questão de poder: o voto ano que vem. Os dois grupos em disputa têm milhões de eleitores e político brasileiro que se preze, não vai, de peito aberto, declarar-se a favor ou contra este ou aquele grupo social. Vai criar manobras de adiamento ou ocultamento de sua decisão. Somente os deputados e senadores que são gays, evangélicos, além dos reconhecidamente decentes, como Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy e Pedro Simon, entre poucos outros, é que se posicionarão claramente sobre a questão. A resultante união de diferentes indivíduos nasce do interesse comum em questões que tocam imediatamente sua vida cotidiana. Espero que, depois dessa disciplina vocês não leiam nem assistam mais as reportagens e notícias do mesmo jeito. Nesse sentido podemos concordar que política, sim, é “o ato de poder e de posicionamento frente a questões e ideologias.” E aí podemos completar: que envolvem os interesses sociais imediatos e mediatos de grupos e classes da sociedade a fim de decidir sobre esses interesses.


E sobre a notícia acima: o que vocês acham? Quem tem mais poder atualmente? Os evangélicos ou os movimentos LGBTTIS? Os desdobramentos dessa tensão no Congresso Nacional responderá esta questão? E sobre a afirmação de um dos colegas de vocês de que a política provém da organização de um grupo para garantir os direitos na cidade. O que vocês acham agora? Em se tratando do caso acima, há dois grupos em disputa. Um tenta garantir o casamento de pessoas do mesmo sexo na lei, ou seja, a partir da aprovação dessa lei, em todo o território nacional, toda pessoa que quiser casar com outra do mesmo sexo, a fim de assegurar direitos civis, como nós os heteros temos, assim poderá fazê-lo. O outro grupo tenta impedir, sob o argumento de que Deus não é a favor de relacionamento de pessoas do mesmo sexo. Então, analisando a realidade e voltando à definição do ou da colega de vocês podemos afirmar que a política é o exercício do poder, que provém da organização de um ou mais grupos sociais para garantir seus direitos no território a que seus direitos circunscrevem. Aprender política não é difícil, pois a política e o poder estão em nossa vida, da qual não podemos escapar, nem mesmo quando decidimos morrer, que é uma decisão política. 


 Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Nenhum comentário:

Postar um comentário

joselitojoze@gmail.com