Estou lendo
agora na internet a seguinte manchete:
Silas Malafaia organiza
manifestação contra o casamento gay em Brasília
Por Isadora
Peron, de O Estado de S. Paulo, estadao.com.br - terça-feira, 16 de abril
de 2013
Esta
notícia, lendo com os óculos dos nossos estudos na disciplina, mostra que há
uma tensão crescente entre grupos evangélicos, grupos gays, movimentos feministas
e movimentos negros na sociedade brasileira. O que está em jogo? O poder. Poder
de decidir a sua vida, de orientar-se pela sua religião, de punir quem
desrespeita sua origem, sua raça e etnia, etc. Quando Malafaia convoca seus
seguidores, inclusive com a participação do deputado/pastor Feliciano, ele está
reunindo parte da sociedade civil, no caso, grupos de evangélicos, para
pressionar a sociedade política, no caso o estado e, especificamente, o poder
legislativo – Congresso Nacional – a fim de impedir que uma exigência de
direito seja atendida no plano jurídico – se torne lei – de grupos sociais específicos
– no caso os homossexuais. Vamos retomar o conceito de poder por Norberto Bobbio?
Capacidade
que um indivíduo, grupo ou instituição tem de modificar o comportamento de
outro indivíduo, grupo ou instituição segundo os seus interesses.
Logo,
o pastor Malafaia está exercendo essa capacidade, conclamando indivíduos,
grupos e instituições (religiosas no caso) para modificar o comportamento de
outros indivíduos, grupos e instituições – relativas aos gays e seus movimentos
e anseios – segundo seus interesses, que é o de impedir que o casamento gay
seja aprovado no Congresso Nacional.
Ora,
mas o poder não é linear. “A arena política é inevitavelmente polarizada”.
(DEMO, 2006, p.23). Haverá, certamente, manifestações de intelectuais, artistas
e dos grupos gays em defesa da aprovação da lei. A tensão aumenta, os deputados
e senadores ficarão pressionados por ambos os lados e terão de decidir. Mas,
como tudo no Brasil, penso que tudo será resolvido no adiamento da decisão ou,
realmente os representantes legislativos terão de posicionar-se através do
voto, que eles e elas, tentarão votar em segredo. Entra aí outra questão de
poder: o voto ano que vem. Os dois grupos em disputa têm milhões de eleitores e
político brasileiro que se preze, não vai, de peito aberto, declarar-se a favor
ou contra este ou aquele grupo social. Vai criar manobras de adiamento ou
ocultamento de sua decisão. Somente os deputados e senadores que são gays,
evangélicos, além dos reconhecidamente decentes, como Cristovam Buarque,
Eduardo Suplicy e Pedro Simon, entre poucos outros, é que se posicionarão
claramente sobre a questão. A resultante
união de diferentes indivíduos nasce do interesse comum em questões que
tocam imediatamente sua vida cotidiana. Espero que, depois dessa disciplina
vocês não leiam nem assistam mais as reportagens e notícias do mesmo jeito. Nesse
sentido podemos concordar que política, sim, é “o ato
de poder e de posicionamento frente a questões e ideologias.” E
aí podemos completar: que envolvem os
interesses sociais imediatos e mediatos de grupos e classes da sociedade a fim
de decidir sobre esses interesses.
E
sobre a notícia acima: o que vocês acham? Quem tem mais poder atualmente? Os
evangélicos ou os movimentos LGBTTIS? Os desdobramentos dessa tensão no Congresso
Nacional responderá esta questão? E sobre a afirmação de um dos colegas de
vocês de que a política provém da organização de um
grupo para garantir os direitos na cidade. O que vocês acham
agora? Em se tratando do caso acima, há dois grupos em disputa. Um tenta garantir
o casamento de pessoas do mesmo sexo na lei, ou seja, a partir da aprovação
dessa lei, em todo o território nacional, toda pessoa que quiser casar com
outra do mesmo sexo, a fim de assegurar direitos civis, como nós os heteros temos, assim poderá fazê-lo. O
outro grupo tenta impedir, sob o argumento de que Deus não é a favor de
relacionamento de pessoas do mesmo sexo. Então, analisando a realidade e voltando
à definição do ou da colega de vocês podemos afirmar que a política é o
exercício do poder, que provém da organização de um ou mais grupos sociais para
garantir seus direitos no território a que seus direitos circunscrevem. Aprender
política não é difícil, pois a política e o poder estão em nossa vida, da qual
não podemos escapar, nem mesmo quando decidimos morrer, que é uma decisão
política.
Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel
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