quarta-feira, 22 de outubro de 2014

INTELIGÊNCIA SOLTA

Quando alguém está imaturo e outro alguém lhe diz que esse alguém tem a inteligência solta, logo, ele vai cair na tentação de amarrá-la a alguma instituição disponível que, como diria Foucault (1999), “há muito tempo cuida de sua aparição [Discurso], que lhe foi preparado um lugar que o honra, mas o desarma; e que, se lhe ocorre ter algum poder, é de nós, só de nós, que lhe advém. (p.7).

O dizer administra politicamente o sentido, dando-lhe um direcionamento ideológico. O que não foi dito, com seus “poderes e perigos que mal se imagina” (FOUCAULT, 1999, p.8), enseja a “amarração” nas múltiplas instituições existentes: família, igreja, escola, movimentos sociais, órgãos da administração pública, empresas privadas, organizações criminosas, instituições de ensino superior e, entre essas últimas, as universidades. Contudo, apesar de todas essas “opções” institucionais, a materialidade histórica de nosso país aponta a universidade como a instituição privilegiada para amarrar a inteligência solta. Um dos efeitos dessa prática discursiva, no contexto do capitalismo patrimonialista brasileiro, é o fortalecimento da instituição universitária como o portal da legitimação da desigualdade social.

Os professores não se consideram engajados em um processo de seleção social. Eles verdadeiramente amam e acreditam no valor do que ensinam e estudam. [...] Mas, todos nós, apenas por participar institucionalmente da atribuição de créditos, notas e diplomas, servimos sem intenção como porteiros-guardiães dos níveis superiores da pirâmide social. (Robert Paul Wolff, 1993)

Amarrar a “inteligência solta” à instituição universitária brasileira é aprisioná-la no contexto de uma sociedade capitalista e patrimonialista ainda com um amplo grau de desigualdade nesta primeira década do século XXI. E há um efeito ainda pior: domesticar a inteligência, para que ela se familiarize com a desigualdade, naturalizando o que é produzido pela história.

A “inteligência solta”, de um ponto de vista emancipatório, pode filiar-se ao movimento social, sem deixar a universidade, onde, se assim o quiser, pode vincular-se politicamente e ideologicamente a fim de elaborar princípios gerais que orientem sua competência técnica e o seu domínio tecnológico a serviço da ascensão política e econômica das classes populares, pois a transformação da universidade não vem dela mesma.

Ninguém tenha dúvida, o destino, a forma futura da universidade brasileira está sendo decidida neste momento muito mais num comício de camponeses do Nordeste, do que nas salas de reuniões dos Conselhos de Educação.” (PINTO,1994, p.13).


Quem dará nova forma e atuará decisivamente na reestruturação da universidade e já está fazendo isto é o movimento negro, é a organização e a ação política dos indígenas, dos trabalhadores rurais, do movimento feminista, do movimento gay, e, espero, dos estudantes e professores de modo geral, de braços dados com os movimentos sociais na transformação do projeto cultural mais amplo que rege essa nação, em direção a sentidos democráticos emancipatórios, atuando na superação das estruturas que asseguram a desigualdade em nosso país.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.  Com o auxílio de 

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. 5. ed., Edições Loyola. São Paulo: 1999.  

PINTO, Álvaro Vieira. A questão da universidade. 2. ed., São Paulo: Cortez, 1994. 

WOLFF, Robert Paul. O ideal da universidade. Tradução de Sonia Veasey Rodrigues, Maria Cecília Pires Barbosa Lima. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993. 

QUAIS OS INTERESSES QUE ESTÃO POR TRÁS DAS ELEIÇÕES DE 2014? DO MORALISMO UDENISTA À COBIÇA DOS TRILHÕES DE DÓLARES DO PRÉ-SAL

Rualdo Menegat,
Professor do Instituto de Geociências da UFRGS


As eleições em curso demostram que houve uma radical mudança no Brasil. Os temas em debate dizem respeito às questões sociais, étnicas e culturais. Discute-se com afinco o papel e a importância do programa a bolsa-família, às políticas de educação, habitação e direitos humanos. Também marcam o tom da campanha as questões de gênero, homofobia, e os direitos das minorias.  Todos esses temas abafados por décadas fizeram emergir as forças do retrocesso. Depois de campanhas intensivas contra a política e os partidos, buscando surfar na onda das manifestações de massa de 2013, a direita brasileira converge para um mesmo fluxo furioso. Busca transformar a política em uma espécie de religião que opera apenas com base no moralismo. Dessa forma, suprimem-se os interesses de classe por uma ideia simplificada de combate à corrupção.

Essa simplificação que reduz a política a uma mera disputa moral abriu espaço para que em vez de discussões programáticas e estratégicas, o palco fosse ocupado por uma impressionante onda de evangelizadores moralistas.  Todavia, os moralistas de plantão atuais não resistem sequer a um bafômetro. Isso quer dizer que são moralistas na medida em que esse discurso serve para demonizar o PT, o governo Dilma e as políticas sociais. Nesse engodo, entrou a evangelizadora Marina, que rapidamente abandonou seu discurso verde para cair no catecismo aecista.

Essa tática não é nada nova na política brasileira. Tem suas raízes no udenismo, nos camisas verdes do integralismo (versão tupiniquim do fascismo), que levou ao suicídio de Getúlio e ao Golpe de 64, que depôs o governo de João Goulart. Contra as políticas sociais e progressistas, as forças do retrocesso atacam com discursos moralistas: “a corrupção está tomando conta”, é o que apregoam por meio de seus jornais marrons.  Certamente que para a elite brasileira, políticas públicas a favor dos excluídos devam ser vistas como uma anomalia na trajetória republicana brasileira em que as elites com muito pouco virtuosismo comandaram esse país.

Portanto, é hora de se fazer uma pergunta que Brizola brandia em época eleitoral: que interesses se escondem por trás desse falso moralismo, na verdade, golpista, capitaneado pela mídia monopolista? O que essa nuvem moralista está escondendo?

O pré-sal e o índice de cobiça pelo Brasil

Vamos encontrar a resposta de forma muito evidente: a descoberta do petróleo do pré-sal, cujas reservas ultrapassam 100 bilhões de barris, ou seja, valem entre 5 a 10 trilhões de dólares, elevou sobremaneira o índice de cobiça pelo Brasil por parte do capital internacional. Se há quatro anos o pré-sal ainda era uma promessa, hoje ele já é uma realidade tangível, isto é, já está sendo explorado.
Foi exatamente o governo da Dilma que preparou o Brasil para a exploração do pré-sal, tanto do ponto de vista logístico e industrial (ampliação das refinarias, portos, indústria naval, etc.), quanto político (repartição dos royalties advindos de sua exploração para todos os estados e para políticas sociais definidas). O governo Dilma tem desenvolvido políticas efetivas para que o pré-sal seja inteiramente nosso, da exploração ao refino até a divisão de royalties, o Brasil poderá incrementar como nunca seu desenvolvimento social, sua saúde e educação.

A crise econômica que se abate sobre a Europa e nos EUA fez aumentar sobremaneira o interesse do capital internacional pelos trilhões do pré-sal brasileiro. Desde a eleição de 2010, o índice de cobiça aumentou mais de cem vezes.  O Brasil hoje está na mira do capital internacional como nunca esteve em sua história. Injetar nos cofres dos países ricos um montante dessa ordem em curto prazo pode ser estratégico para a política de torniquete imposta pela Alemanha e os Estados Unidos.

Não há dúvidas que políticas oriundas da cartilha neoliberal, como as de Aécio, facilmente vão colocar essa riqueza nas mãos do capital internacional, em vez de colocá-la na mesa e nas escolas dos brasileiros. Até porque essa elite brasileira historicamente sempre se nutriu de seu complexo de dependência colonialista, e agora, está com pressa para entregar o pré-sal ao capital internacional (a título de que não sabemos explorar e que na Petrobras somente há corrupção) e de se alinhar à política de torniquete e exclusão social capitaneada pelos ricos, o que os faz parecerem austeros para combater a inflação. Os interesses por trás dessa eleição são claros e nos resta rechaçar essas forças do retrocesso e do entreguismo – como se dizia antigamente – que estão enevoadas pelo manto evangelizador do falso moralismo golpista, e nada emancipatório, como bem sabemos por meio de bons manuais de história do Brasil.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

MEU SINCERO VOTO

Neste ano eleitoral, em que decidimos quem vai governar nosso país, precisamos pensar criticamente a propaganda eleitoral que decorre desse importante processo. Percebo que alguns grupos defendem com veemência a reeleição de Dilma e os grupos antagônicos endemonizam a mesma e o PT, colocando o Aécio como o candidato da “mudança”, num falso jogo maniqueísta que em nada esclarece a situação real em que nos encontramos. O velho jogo do (a) santo (a) e do (a) demônio (a) está instaurado, silenciando sobre projetos, ações, avaliações, atitudes e comportamentos que serão tomados baseados em princípios gerais de governo. Os debates e a propaganda política pensam que engana a população brasileira, que chegou, graças ao próprio PT, a um maior e melhor nível de acesso à informação e à formação, mas que, dialeticamente, reflete sobre os rumos que o Brasil deve tomar para que suas conquistas sejam preservadas e para que nos tornemos uma nação de fato.
A crítica que faço é a respeito de posicionamentos ideológicos rasteiros, que vão na esteira desse maniqueísmo instaurado em quase todas as eleições, mas potencializado nesta. Um desses sentidos é baseado na ideia da negação da dialética, na medida em que, indivíduos que eram pobres, tornaram-se classe média graças, segundo essa ideia, tão somente ao PT e ao “Pai Lula”, a quem devem ser eternamente gratos, só votando nos candidatos que ele apóia. Nesse sentido, eu melhorei minha condição econômica porque Lula leu bastante – coisa difícil de acreditar – pagou a inscrição em 2002, fez o concurso público por mim e colocou-me na universidade pública baiana na função de professor, como um bom companheiro de partido. Não. Eu lutei e minha vontade e um pouco de sorte, me fez chegar até aqui. Depois, eu e minha esposa, fizemos um planejamento, economizamos em função deste planejamento e, em alguns anos conseguimos juntos, melhorar nossa condição humana. Sou um intelectual e me recuso a votar obedientemente, como um ser medíocre que não tem capacidade de selecionar, sistematizar e interpretar informação. Recuso-me a abandonar minha capacidade de pensar criticamente. Não é o PT que paga minhas mensalidades. Não posso, de forma alguma, afirmar que o PT não cometeu erros grosseiros e não se envolveu no “toma lá dá cá” que caracteriza quase todos os partidos brasileiros, incluindo o PSDB.   
Contudo, essa mesma capacidade crítica não pode deixar de reconhecer que foi o PT que criou as possibilidades concretas para que eu e tantos outros pudéssemos avançar nas conquistas que permitiram nossa chegada até aqui nas condições que temos atualmente. Sem a ampliação do financiamento da Caixa Econômica Federal não seria possível conseguir morar onde moramos atualmente. Sobre automóvel eu não considero uma boa política, prefiro a melhoria do transporte público. Mas sobre moradia, educação superior e a contratação dos médicos cubanos, entre outros, não há como negar. Essa mesma capacidade crítica não pode deixar de perceber que no Governo Fernando Henrique Cardoso, embora tivesse o mérito de combater de forma criativa e competente a inflação, nossa mudança foi conservadora. Nela, pobres, negros e nordestinos não tiveram vez. As políticas para a Educação Básica do PT deixam muito a desejar, embora a questão do piso nacional do professor e as universidades federais na Bahia e no Nordeste tenham sido iniciativas salutares e que vão provocar transformações significativas mais à frente.
Os médicos cubanos foram fundamentais para a saúde das pessoas mais pobres dos lugares onde médicos brasileiros, branco e homem em sua maioria, não queriam ir, além de ver isso como um fardo de início da profissão. O Programa “Mais Médicos” combateu, na prática, a arrogância e o preconceito do suposto “doutor” – sem doutorado – em cujo plantão, escondia-se em algum cômodo secreto do hospital ou posto de saúde e mal atendia a população pobre das cidades interioranas e das periferias de Salvador, com poucas exceções. Os médicos e as médicas cubanas, negros e pardos em sua maioria, vão às residências das pessoas mais simples. Fazem o diagnóstico enquanto estabelecem relações de respeito com atenção e cuidado. É uma lição ética e política para os “nossos” “doutores”. O “Mais Médicos” vem contra toda uma história que foi inaugurada quando a Faculdade de Medicina da Bahia foi fundada, para servir à aristocracia que chegava de Portugal e não ao sofrido e abandonado povo da colônia, principalmente negros e pardos, que nem povo era para eles. Nesse sentido, o PT acertou em cheio!
Na questão dos direitos humanos o PT apresentou avanços em relação à negritude, e à mulher, embora tivesse titubeado em relação aos homossexuais. Mas, de qualquer forma, é preciso o enfrentamento aos pastores do apocalipse, entre eles, o Malafaia, a fim de ver respeitados direitos fundamentais dos seres humanos. Malafaia e Feliciano apoiando Aécio não vejo com bons olhos. Significa retrocesso dos brabos. Assim como na Igreja Católica, que teve recentemente aqui em Salvador um de seus religiosos assassinado covardemente, há homossexuais, nas evangélicas também há. A hipocrisia é que impede que muitos (as) “saiam do armário”. Todos (as) são do mesmo mundo. Mas, como diria Sartre, “o inferno é o outro”, não é mesmo?
 Por essas, e outras, é que voto na Dilma, contrariado, porque esperava que este governo fosse mais sério, mais ético, que não vendesse ministérios a preços de banana para os "metralhas de Patópolis", contradizendo suas políticas sociais positivas. O Brasil não pode voltar ao regime de capitanias hereditárias e nem à Idade Média. Com Aécio muito menos. O PT poderia se reeleger com facilidade. Mas, seu modo de governar no campo da ética e da decência, sem romper com velhos modos de se fazer política nesse país, demonstra seu cansaço. Boa parte da população rejeita esse jeito de governo, em que ministérios, secretarias, empresas símbolos do país como o Correios e a Petrobrás e demais órgãos públicos estão à venda. 

Joselito da Nair, do Zé, de Rafael, de Ana Lúcia, de tantas Gentes e situações e de Jesus, O Emanuel.

sábado, 11 de outubro de 2014

CARTA ABERTA DE UMA NORDESTINA PARA OS SULISTAS por Fabiana Agra*

Meus irmãos sulistas – sim, queiram vocês ou não, somos irmãos, somos filhos de uma nação chamada Brasil, que vem sendo construída há 514 anos – como nortista de nascimento e por convicção, sinto-me obrigada a escrever para vocês após os últimos acontecimentos, em que vimos reacender a mais vil xenofobia endereçada a nós, do Norte e do Nordeste, devido os resultados do primeiro turno das Eleições 2014.

Em primeiro lugar, meus irmãos, não somos nem melhores nem piores do que vocês, somos fruto de um país continental, cheio de diferenças e de contrastes e que, por circunstâncias históricas, nós daqui de cima fomos explorados através de uma colonização vil e de uma política perversa, que retiraram o melhor de nós, que foi usufruído por vocês; sem contar que houve uma imigração planejada para os estados do Sul e Sudeste, onde vocês tiveram a oportunidade de desenvolver-se de uma forma bem mais organizada.

Sim, nós daqui de cima já passamos fome, já fomos muito ignorantes, uma massa de milhões de analfabetos, que vivia das esmolas que os governos anteriores vez por outra mandavam, governantes esses que nunca se importaram em preparar o nosso povo para conviver com as intempéries do clima e nem de diminuir o abismo social em que vivíamos.

Somente após 2002, meus irmãos, é que esse quadro começou a mudar e, hoje em dia, o Norte/Nordeste é também uma terra de amplas possibilidades: seu povo está melhorando de vida, a educação chegou através de dezenas ou até mesmo de centenas de estabelecimentos educacionais federais, obras estruturantes estão sendo erguidas e, se os bons ventos continuarem favoráveis para nós, a geração nascida neste novo século estará em pé de igualdade econômica com vocês, que tiveram a “sorte” de receber a maior fatia do bolo até bem pouco tempo atrás.

Meus amigos sulistas, sinceramente eu não entendo o porquê de tanto ódio direcionado a nós. Eu nasci e cresci ouvindo dizer que o Brasil era a terra da gentileza, uma nação de povo amigo e hospitaleiro – quer dizer que tal máxima só se aplica para os gringos que aqui chegam para usufruírem das nossas belezas naturais, do nosso clima e, muitos deles, das nossas mulheres e crianças? Quer dizer que vocês se consideram uma “gente diferenciada” e se acham no direito de tratarem a nós, daqui de cima, como uma “sub-raça”? Eu gostaria muito de ter esses meus questionamentos respondidos de forma coerente.
Outra coisa: vocês estão alardeando, do Oiapoque ao Chuí, que nós, do Norte/Nordeste, não sabemos votar. Ah, é? E o que vocês me dizem da votação esmagadora recebida por Tiririca, Bolsonaro, Feliciano, Coronel Telhada e Delegado Olim? Como vocês explicam esses votos tão conscientes e inteligentes? Quem não sabe mesmo votar, hein? Nós daqui, votamos majoritariamente em Dilma porque somente a partir dos governos de Lula e Dilma a classe mais pobre desse imenso Brasil saiu da linha da miséria, são mais de 40 milhões de pessoas que hoje em dia tem a mesa farta, roupas compradas com o seu próprio dinheiro, e milhares de pessoas que estão tendo a oportunidade de estudar, de viajar, de trocar experiências… Eu votei e votarei em Dilma, meus amigos sulistas, porque, entre outros avanços, o Brasil não é mais devedor do FMI – pelo contrário, nosso país agora empresta dinheiro -, e caso vocês ainda não saibam, o Brasil saiu do mapa da fome, algo que somente 35 países do mundo foram capazes de realizar.

Pois é, meus irmãos. Eu continuo sem entender o motivo de tanto ódio da parte de vocês – será o stress dessa vida caótica? Pode ser. Então, para acabarmos de vez com essa coisa horrível, chamada “cultura do ódio”, da minha parte eu perdoo as ofensas gratuitas que recebi nos últimos dias e convido-os a nos visitar. Venham para cá passar uns dias, garanto a vocês que serão muito bem recebidos! Venham para cá que nós daqui faremos questão de mostrar para vocês o nosso lugar, a nossa gente, a nossa gastronomia. Vocês irão perceber que o Norte/Nordeste é um lugar repleto de encantos e com um povo que sempre foi receptivo – mas que, agora, além de receber bem, também está tendo as mesmas oportunidades que vocês sempre tiveram.

Mas caso vocês não possam dar uma esticadinha até aqui, há outras formas de conhecer a nós, nortistas: basta pegarem uma das milhares de obras escritas por um de nós; vocês irão deliciar-se com os livros de Jorge Amado, Rachel de Queiros, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar… E se não gostam muito de ler, que tal ouvir uma boa música daqui dessas bandas? Temos de todos os estilos, de Zé Ramalho, Raul Seixas, Alceu, Djavan, Gil, Caetano, Bethânia, Fagner, a Zeca Baleiro, Ivete, Pitty, Herbert Viana, Chico César, Elba…
Finalmente, sem querer aprofundar-me na política, creio que já justifiquei meu voto para vocês – apesar de desnecessário, faço questão. Já vocês, meus irmãos, sintam-se à vontade para elegerem quem vocês bem entenderem, o nome disso é democracia. Infelizmente, a escolha de vocês, caso não seja a melhor, refletirá em todo o país que, até o momento, está tomando um rumo certo e confiável.

Ah, ia esquecendo de uma coisa: nós daqui temos a maior admiração pelos jumentos, animais inteligentes e que desde o início da colonização, foram companhia de todos os desbravadores dessa terra. Portanto, eu particularmente, não me sinto ofendida em ser chamada de burra, de jumenta, de maneira alguma. Fiquem à vontade.
É isso, meus amigos do Sudeste/Sul. A nossa bandeira é uma só, e o nosso pavilhão verde-e-amarelo não pode agasalhar esse tipo de ódio pela sua própria gente nem por povo nenhum do planeta! Vamos deixar de propagar essa raiva gratuita, que só faz diminuir moral e eticamente quem a espalha. Vamos sim, ajudar a construir a grande nação que merecemos! Quem se habilita?
* Fabiana Agra é advogada, jornalista, escritora e paraibana com muito orgulho.



Fórum Político Inter-Religioso BH