Abro meus olhos
e não entendo nada do que vejo
Não adianta olhar demoradamente,
Não disponho de ferramentas de compreensão.
Angústia de ignorância,
não saber o que acontece,
meu ser padece
meu ser adoece.
A roda girou a minha direção.
Eu ia naquela,
agora tô na banguela,
lá pro fundo
onde antes era ascensão.
Olho as pessoas, os raros amigos, os colegas, os estudantes,
a família, as que passam transeuntes.
Não consigo entender,
não sei mais por onde começar
a encontrá-las.
As informações multiplicaram
As imagens, as mensagens, os caminhos.
E eu aqui, paralisado na angústia
sem seguir, inseguro, indo a ir
sem destino, nem futuro.
tantas palavras
sem nada,
sem nada.
Todos estão passando, passeando transeuntes,
todas as pessoas parecem ausentes do mundo.
Parecem fugindo da guerra futura,
parece uma grande loucura migrante
fugindo de um medo mais cedo.
Estamos fugindo da Síria,
da bomba, do tráfico,
marítimo, de órgãos, de armas,
de mulheres, de peles, de dólares.
Estamos fugindo da bancada,
da bala,
do boi,
da bíblia.
Fugindo pra onde?
Aonde é que se esconde?
Nem dentro de mim há refúgio,
minha paz, meu rapaz, lá se foi
nunca mais.
Na igreja?
Não há!
No trabalho?
Nem pensar.
No lar?
Quem sabe um instante.
No sindicato?
Nem que se concorde
com tudo,
nem que entre e saia mudo,
unindo-se à voz única
uníssono, alienado, sem culpa.
Joselito M. de Jesus, professor, poeta, perdido.
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