domingo, 29 de novembro de 2009

Corrupção na Bahia: Tradição cultural

Ultimamente tenho lido e assistido a reprodução de casos e mais casos de corrupção. Ainda fico indignado, perplexo. Ainda bem. O caso de corrupção na Agerba é um fenômeno que está ligado, não apenas aos indivíduos que são efetivamente os corruptos primários deste fato, mas a toda uma cultura política e social que constitui uma rede imensa de favores, de senhores, de odores, que se reproduz desde quando Cabral aqui chegou. Não se trata apenas de um caso localizado num órgão público específico, trata-se de uma longa cultura histórica que preside o sistema de relações políticas e que imprime seu sêlo como garantia de negociação das políticas públicas no Brasil. Basta ler O Patrimônio Como Virtude, no livro Claros e Escuros, publicado pela editora Vozes, de Muniz Sodré, e a gente tem uma idéia clara da raiz cultural do patrimonialismo no Brasil.
Nós temos um governo que aumentou o aporte ao FMI de U$ 10 para U$ 14 bilhões, mas que privatiza a BR 324 por suposta incapacidade de manutenção. Não basta os impostos caríssimos que pagamos, ainda temos que pagar pela estrada que transitamos. Nós temos um governo estadual que pouco mudou a realidade para a maioria do povo baiano. A maior obra do governo estadual é o Estádio de Pituaçú e o menor e o mais caro metrô do mundo ainda não tem prazo para sua conclusão, numa cidade com um trânsito tão precário. Embora o partido a qual pertence o prefeito de Salvador tenha um ministro da Integração Nacional, a cidade está abandonada. Nós temos governantes sem capacidade de planejamento a pequeno, médio e longo prazo. Verdadeiros ocupadores de cadeiras oficiais, que preocupam-se primordialmente com o calendário eleitoral. Os citados no Jornal A Tarde foram colocados na administração da Agerba e de outros órgãos do Estado por nosso atual governador, tendo sido indicado por algum poderoso do PMDB que, por sua vez, fazia parte do próprio Governo. O adversário de Moema Gramacho na eleição da prefeitura de Lauro de Freitas, que fez uma campanha suja contra ela, agora ocupa uma secretaria estadual. Eu não entendo desses conchavos, dessas amarras, desse governo. Nem quero entender, pode ser que eu seja tentado a me aliar ao satanás para administrar a minha vida.
Agora eu sei que o PT nunca teve um projeto de governo para a Bahia. Tinha um amontoado de discursos desconexos apoiados em pseudos socialistas que só desejavam votos. Quem tem um projeto, por mais que faça modificações e adaptações, o implementa. E Wagner e o PT na Bahia, infelizmente, provou isto: que não tinha projeto algum. Ou ele está sendo muito tolo ao achar que guardando dinheiro durante três anos e somente em 2010 fazendo um "liberô geral" vai conseguir sua reeleição. Não será tão fácil. Não será tão fácil.
Não estou fazendo campanha pra ninguém, afinal a ocupação do PMDB nas secretarias estaduais demonstrou a "in-competência" que eles utilizam em suas políticas públicas. Paulo Souto também quando ocupou o Estado "deixou" que suas dependências fossem ocupadas por sorrateiros de primeira, principalmente na EBAL. Não tenho candidato, exercerei meu voto dizendo não a toda essa gente maldita que fica mais rica a cada governo, em detrimento da população baiana. Como o jornal A Tarde não publica meus textos, criei esse espaço para isso. Para me pronunciar livremente, sem estar atrelado a nenhum canalha oficial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

joselitojoze@gmail.com