sábado, 19 de fevereiro de 2011

Para amanhecer

Amanhece sempre
fora da gente
Auroras, faunas
e floras

Trago noites comigo,
noites minhas
repetidas sistematicamente
como um mantra ao revés.

Fico nessas noites
assombrando-me
esperando-me
amanhecer.
Pego-me insone
nessas noites
de nomes bem conhecidos.

Finjo saber o que quero
mas não alcanço-me,
não desperto desse sonho
tão pesado, mascarado,
pesadelo.

Quero acordar!
Quero amanhecer dentro de mim
deixar a noite partir
para o seu devido lugar.
Quero o crepúsculo de mim
após a tão desejada aurora.

Não importa se quando
eu acordar
faça noite lá fora:
a manhã dentro de mim
faz qualquer noite sem fim
virar uma bela e nua aurora.

Quero hoje!
O melhor do agora
na hora certa de ser
minha vida precisa
acordar no amanhecer.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

3 comentários:

  1. Linda é a sua sensibilidade que percebe as auroras e crepúsculos dessa poesia, porque se identifica com os ditos e os não-ditos presentes; porque se sente chamada à pronúncia, tocada pela palavra que a envolve e a perturba; porque amanhece e entardece seguindo o seu próprio tempo em busca de, quem sabe, mais beleza, mais poesia, mais sentimento.
    Um abraço afetuoso: Professor

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  2. Vc é inteiramente poesia... A sua sensibilidade aguça a minha! Admiro-te!

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joselitojoze@gmail.com