segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2000 E SEMPRE

Acredito que todas as críticas feitas aos governos “x” e “y” são válidas e se complementam. Creio que o que devemos combater é a corrupção que está arraigada na cultura política brasileira, independente de quem a gente apóie. O governo Lula, como a maioria sabe, foi envolvido em casos e mais casos de corrupção, embora seu mandatário maior tenha fingido não ver nada. “O Presidente da República, travestido em chefe de facção, deveria olhar para os desmandos que transformaram a Casa Civil num balcão de negócios. Mas não é o que o presidente faz. Ao contrário. Num exercício crível de leniência, o presidente abraça os corruptos e ataca os que denunciam a corrupção”, afirma Carlos Alberto Di Franco no Jornal A Tarde desta segunda-feira, 04 de outubro de 2010.

De fato, a imprensa, que Zezéu irritado, ontem na TVE, acusou de ser a oposição ao Governo Lula, não inventou as negociações escusas envolvendo Erenice Guerra e seus familiares que, seguindo a cultura política brasileira, utilizou o aparelho do Estado, bem nacional, em benefício próprio, entre tantos outros casos como o dinheiro na cueca e a compra dos mensaleiros do Congresso Nacional, Câmara de Deputados. E mais uma vez: que bom que ainda existe oposição neste país! Esta eleição é uma boa lição para aqueles que ainda acham que a aprovação popular de um governo é a permissão para a permissividade que se transforma em porta aberta para a corrupção. Meu voto em Marina não foi em vão. Pela primeira vez na história deste eleitor não votei no PT, pois percebo que o Brasil precisa de uma opção política limpa, tanto no sentido ecológico, quanto no sentido ético. Além do mais, embora a economia brasileira esteja crescendo e ainda vá crescer mais, por conta da boa administração econômica do Governo Lula – seguindo as diretrizes do Governo FHC, e de fatores externos e internos, precisamos reduzir a divída interna que, segundo o mesmo jornal A Tarde desta segunda, “bateu em R$ 1,62 trilhão”, além do fantasma permanente de uma nova crise econômica mundial que pode mudar o cenário atual completamente, deteriorando todo processo conquistado a duras penas.  

Entretanto, Zezéu e outros petistas podem ter razão em uma coisa: a mesma imprensa – Globo, Veja, Folha de São Paulo – que denuncia com fartura os casos escabrosos da Casa Civil, não teve o mesmo ímpeto para denunciar, da mesma forma, as corrupções do Governo FHC, como a compra de votos para a reeleição e a ampliação do mandato de Fernando Henrique Cardoso. Além disto, nenhuma proposta de CPI tem êxito na Assembléia Legislativa de São Paulo, comandada pelo PSDB, mas a Veja não vê isso, nem a Folha de São Paulo, nem mesmo a tão “séria” Rede Globo. Nesse sentido, como afirmou uma socióloga, consultada pela Globo News, a alternância do poder é fundamental para a saúde da democracia. Nem um partido tão poderoso, nem uma oposição tão tênue. Toda oposição tem um lado, embora sempre afirmem estar do lado do povo, do estado, da democracia etc. Nós sabemos que a Rede Globo, dá para perceber, sonha com o PSDB de volta ao poder. E dai? Problema deles e delas! Pelo menos cumprem o papel que o Congresso não cumpre: o de fiscalizar e divulgar erros políticos, desacertos administrativos e casos nebulosos com o dinheiro público que saem dos nossos bolsos todos os dias para o grande Leviatã de Hobbes.

Governo foi feito para apanhar, essa é a lógica. Aqui no Brasil nós pedimos e agradecemos o que nos é de direito estabelecido em leis. Nossa cultura, provavelmente do nosso processo colonizatório, faz com que as pessoas aprendam a pedir, a estender a mão e agradecer o que é responsabilidade do Estado e de seus representantes, ao invés de exigir vigorosamente a realização de direitos conquistados no espaço democrático com luta e organização política. É por essas e outras que muitos médicos são eleitos no interior do Estado. A população fica muito agradecida quando um médico apenas cumpre sua função e o chama de doutor, antes mesmo de o sujeito ter uma especialização em sua área, quanto mais doutorado.

Bem, de qualquer forma percebo um avanço vigoroso na democracia baiana e brasileira. A eleição da primeira mulher senadora, Lídice da Mata, e a votação significativa de Marina Silva são exemplos desse avanço, de um país que deseja outros caminhos para a sua direção rumo a outro futuro que este presente ainda nos nega.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

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