quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PARA MIM EDUCAR É...

1. Enfrentar desafios e, a partir destes desafios é que nos tornamos profissionais qualificados.
2. Ensinar a respeitar, agir, e interagir dentro e fora da sala de aula
3. É preciso ter muita experiência e um pouco de paciência, muita cautela, para ter bons resultados etc.
4. Formar cidadãos conscientes, críticos e autônomos.
5. Formar cidadãos críticos e atuantes na sociedade.
6. Formar cidadãos críticos e que busquem o seu lugar no espaço.
7. Relacionar conhecimentos diversos de modo que o educando consiga absorver o máximo de conteúdos.
8. Ensinar a fazer de maneira correta.
9. Ensinar a viver.
10. Um princípio de grande importância para a construção de seres humanos capazes de entender e viver no mundo real.
11. Transmitir possibilidades de conhecimentos e opções de um desenvolvimento maior da mente de cada indivíduo, levando-os a uma mudança de atitude na sociedade em que vive.
12. Reproduzir conhecimentos.
13. Compromisso e aprendizado do alunado, garantindo ao mesmo um futuro progressor dentro das normas educacionais e proposital do educador
14. É o mecanismo utilizado pela sociedade para transmitir o conhecimento para as gerações vindouras (mais jovens)
15. Transmitir os bons aprendizados para que se obtenham bons resultados.
16. Ensinar, passar experiências que os outros não passaram e assim compartilhar conhecimentos.
17. Processo contínuo de troca de experiências
18. Questionar, buscar descobrir o novo, ter uma visão mais ampla de determinada situação.
19. Estar sempre aberto a questionamentos, buscando compreendê-los e esclarecê-los. É também sempre uma maneira de buscar novos conhecimentos.
20. Fazer com que as pessoas aprendam e discutam normas de comportamentos estabelecidos na sociedade, e também atribuir conhecimentos e, consequentemente, torná-los mais críticos.
21. Mediar certos preceitos e atitudes comportamentais.
22. Instruir o educando conteúdos e métodos necessários para um bom desenvolvimento intelectual e relacionamento social.
23. Formar conhecimento e esse transmitir.
24. Dar subsídios para o desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo.
25. Transmitir conhecimentos aos mais jovens.
26. Passar para outras pessoas o que aprendi, não só como educadora, mas também como ser humano, procurando saber o que meu colega passou no seu dia a dia, suas dificuldades, aprendendo ainda mais.
27. Mediar o conhecimento

Neste universo de 27 pessoas, é possível e necessário sistematizar e levantar dados relevantes para a discussão que desencadearei nesta disciplina: Filosofia da Educação. E por que não começarmos a partir da ZONA DE DESENVOLVIMENTO REAL DOS EDUCANDOS sobre o que seja EDUCAÇÃO?
No item 10, um (a) educando (a) afirmou que educação é “construção de seres humanos capazes de entender e viver no mundo real.” Uma questão filosófica logo se impõe: O que é mesmo o “mundo real”? Há uma afirmação subjacente aí: Se há um mundo real, há mundos imaginários. O termo “mundo real” sugere um mundo supostamente verdadeiro onde todos devem se submeter e adaptar. Os colonizadores espanhóis e portugueses trouxeram o tal “mundo real” para os indígenas e fizeram, a ferro e fogo, com que eles fossem adaptados a tal visão de mundo eurocêntrica e antropocêntrica, negando o mundo que os índios construíram em sua rede de relações interativas, em sua atividade cultural cotidiana. Muitas nações indígenas foram dizimadas em função disso. O filme “A Missão”, com Robert Deniro, é um exemplo desse massacre. Por isso pergunto: todos veem o mundo da mesma maneira? É como afirma o ditado popular “Cada cabeça um mundo”? Assim como essa pessoa afirmou que educar é construir humanos, será que o mundo também não é construído por nós? O mundo é como a gente enxerga ou nos enxergamos o mundo que queremos enxergar? Nossa visão pessoal e social do mundo pode ser modificada? Ou naturalmente ela é modificada em função da dinâmica de nossa existência pessoal e social? Gilberto Gil tem uma música, “Parabolicamará” que afirma o seguinte:
Antes mundo era pequeno / Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande / Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará
Ê volta do mundo
Antes longe era distante / Perto só quando dava
Quando muito ali defronte / E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes den'de casa camará
Ê volta do mundo
Ê ê mundo dá volta

O autor faz uma diferença entre “Terra” e “mundo”. Se “mundo” não é “Terra”, O que é mesmo “mundo”? Na contemporaneidade, com a introdução das tecnologias digitais e do desenvolvimento das comunicações e transportes “Terra” “Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena...” Qual a relação da tecnologia com o tamanho, a expansão do mundo? E a construção de seres humanos? Há uma afirmação nas entrelinhas nesta afirmação explícita. Se for preciso construir o ser humano, através de processos educativos, significa que o ser humano não nasce humano, por isso precisa ser construído. É verdade. Esta é uma primeira noção. Marx e Engels afirmam, no seu livro “A Ideologia Alemã”, que a natureza humana é uma segunda natureza. Vigotski afirma que é pela mediação social e cultural que o ser que nasce da espécie homo sapiens é tornado humano, passando do biológico para o sócio-histórico. Daí se conclui uma primeira versão sobre o que é educação, adotando como ponto de vista privilegiado a dimensão do seu processo de humanização: Educar é o processo de transformar o homo sapiens em ser humano. Esse processo é uma construção permanente. (1.ª conclusão). Entretanto, o termo “ser humano” é ainda muito abstrato. É necessário precisar tal noção. Que características definem o ser humano? Há seres desumanos? Assim como o ser humano é construído ele pode ser desconstruído? Assim como o homo sapiens é humanizado ele pode ser desumanizado? Como isso ocorre? Que características um ser desumanizado tem? Bem, alguns tentaram precisar o que seria esse ser humano. Vamos ver: Formar cidadãos conscientes, críticos e autônomos; Formar cidadãos críticos e atuantes na sociedade; Formar cidadãos críticos e que busquem o seu lugar no espaço.

Ser humano é um “cidadão crítico”. Cidadão é um termo velho. Vem desde a antiguidade clássica e sendo retomado com a ascensão da burguesia na França e na Inglaterra entre o fim do período medieval e o início da modernidade. Recomendo, para leve aprofundamento – assim, quando vocês falarem em “cidadania” terão uma certa precisão e cuidado em seu uso – a leitura do texto de Esther Buffa – nada de gracinhas com o sobrenome da autora – Educação e cidadania burguesas, encontrado no livro Educação e cidadania: quem educa o cidadão? Publicado pela editora Cortez. Hoje é usado alhures para não dizer nada, afinal, quais as características de um cidadão? Cidadão, habitante da cidade, com direitos e deveres. Mas, os educandos não se contentam que educar seja apenas formar o tal do “cidadão”. Eles anexam o adjetivo “crítico” ao termo dirigente da afirmação. Se o cidadão precisa ser crítico é porque a cidade onde ele vive é cheia de problemas que ele precisa perceber, analisar e tomar uma posição diante dos fenômenos que o envolvem enquanto membro da urbe (morador da cidade). Ser crítico exige que ele seja consciente. Vamos então, destacar as características apontadas pelas três afirmações acima para o cidadão, discutindo-as:

CONSCIENTE – Significa que o indivíduo controla o que pensa e como age. Será? Bem, Freud vem questionar profundamente essa ideia iluminista de que a razão antropocêntrica vai nos conduzir ao ápice da emancipação humana. Ele introduz a noção de inconsciente também no controle de nossas ações, investigando a origem de muitos problemas sociais a partir da Psicanálise. “O Mal-Estar na Civilização” é um livro que reflete tais indagações do autor de Viena. O ser humano não é apenas razão, sapiência. Ele é também loucura, demência. Buda já dizia que você pode travar uma luta contra mil exércitos, mas a maior luta que você trava é contra você mesmo. E é verdade.

AUTÔNOMO – Se o ser humano não é apenas sapiens, mas também demens, quais as possibilidades e os limites da construção de sua autonomia? O que vocês entendem por autonomia? Ser autônomo é não precisar de ninguém? Repetindo a pergunta de Newton Duarte: “aquilo que o indivíduo aprende por si mesmo é superior, em termos educativos e sociais, àquilo que ele aprende por meio da transmissão de outras pessoas...?” (DUARTE, 2003, p.09) O indivíduo aprende sozinho, sabe sistematizar sozinho o conhecimento, selecionar os conteúdos a serem estudados, programar o currículo etc.?

CRÍTICO – Ser crítico é ser cri cri? Não. Ser crítico é discorrer sobre um objeto, um assunto, de forma aprofundada, sistematizada e tratada teoricamente, pois sem teoria se instala o caos do “achismo”. Vamos estudar esse problema mais aprofundadamente em Paulo Ghiraldelli Júnior (2002)

Vamos retomar então a 1.ª conclusão: Educar é o processo de transformar o homo sapiens em ser humano. Esse processo é uma construção. O ser humano a ser educado deve ser um cidadão “consciente, crítico e autônomo”.
Alguns licenciandos assim se definiram o que é educar:
Relacionar conhecimentos diversos de modo que o educando consiga absorver o máximo de conteúdos; Ensinar a fazer de maneira correta; Ensinar a viver; Transmitir os bons aprendizados para que se obtenham bons resultados; Fazer com que as pessoas aprendam e discutam normas de comportamentos estabelecidos na sociedade, e também atribuir conhecimentos e, consequentemente, torná-los mais críticos.

Bem, o educando não absorve. Absorver é função de papel, não de ser humano em situação de aprendizagem. Primeiro porque o ser humano aprende em processo de interação, causado por desequilíbrio cognitivo, segundo Jean Piaget. Eu discordo de que o educando deva aprender “o máximo de conteúdos”. A gente estressa as crianças com uma quantidade enorme de conteúdos, muitos irrelevantes para o desenvolvimento de sua inteligência cognitiva e emocional. Toda aprendizagem é um processo, não de simples transmissão de conteúdos, informações e conhecimentos da cabeça do educador para a cabeça do educando, mas um processo complexo, uma aventura intelectual através do diálogo interativo entre educador e educando. Por outro lado, educar não é apenas “ensinar da maneira correta”, pois a maneira errada também faz parte de uma aprendizagem significativa. O erro é fundamental no caminho para a aprendizagem e para a descoberta. Embora eu concorde com o sentido de “maneira correta”, não como “a maneira única”, mas como reconhecendo a importância do ato educativo que exige, como afirma Libâneo, um alto grau de organização e sistematização, através do planejamento permanente da atividade educativa.

Um abraço afetuoso: Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

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