sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

CALAMIDADE NACIONAL

Em nosso Brasil não precisamos de chuvas torrenciais, não precisamos de terremotos, não precisamos de tsunamis, vulcões também não são necessários, nem meteoros e asteroides assassinos. Temos coisa pior: temos prefeitos! temos vereadores! temos deputados estaduais e federais! temos "bandidos de toga"! Temos, enfim e infelizmente, Governo! Mais do que todas as calamidades provocadas pela natureza, mais do que a força poderosa das águas em seu curso inevitável, mais do que rochas descendo encostas que se derretem com o poder da água, mais do que os raios mortais e trovões assombrosos, mais do que pontes que desabam e casas que submergem, a negligência das autoridades responsáveis, a falta de organização e planejamento urbano, a inexistência de competência administrativa e política que ressignifique o sentido de AUTORIDADE, e, o cinismo dos representantes das instituições governamentais, é o que mais mata o povo brasileiro. E o pior: não mata apenas o corpo físico desse povo, mata também sua alma, porque retira-lhe a esperança, assalta-lhe a fé, fere profundamente a sua dignidade e retira-lhe o seu orgulho de pertencer a uma nação. 

As calamidades naturais são periódicas e matam quem está em seu caminho no momento específico e fugaz de sua passagem. As calamidades políticas são permanentes e matam tantos quantos estão no mesmo território e por um período que só uma revolução da indignação popular faria cessar. Há muita gente morrendo em filas de postos de saúde e hospitais; há muita gente morrendo de ignorância reproduzida pelos sistemas de ensino; há muita gente morrendo pelas negligências dos sistemas executivo, legislativo e judiciário brasileiro, a maior calamidade da história contemporânea desse país!!!! 

Não é a dengue que mais mata. Não é a tuberculose, nem a meningite. Não. Não são acidentes automobilísticos, nem assaltos à mão armada. Não. O que mata mesmo milhões de brasileiros todos os anos é a ausência sistemática e intencional do governo diante das responsabilidades que são suas, principalmente se esses brasileiros forem pobres. O que mata é colocar num cargo público de relevância alguém incompetente por ser apaniguado de algum (a) poderoso (a) e permitir impunemente que o roubo, a corrupção, o desvio de verbas que seriam usadas para assistir pessoas sofridas pela natureza acuada - esta também sofrida pelo capitalismo usurário - tornem-se fatos corriqueiros do Governo. São Ministérios "ministeriosos" utilizados como moeda de troca entre governo e partidos que "homicidam" os direitos sagrados do povo brasileiro. São essas coisas que matam em última instância! Um ano se passou desde a tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro, e a situação das pessoas daquele lugar permanece a mesma.

Em nosso caso, Salvador está morrendo pela incompetência negligente de João Henrique. Mas não podemos utilizar a velha máxima do "bode expiatório". Quando refiro-me a "Governo", estou referindo-me ao Legislativo - qual o papel da câmara de Vereadores nesse contexto? -, ao Judiciário - Qual o papel dos Tribunais de Contas, do TRE, entre outros? - e ao Executivo. Da mesma forma, a Bahia está morrendo pela incompetência, negligência e sanha privatista de Jacques Wagner. Os índices da Educação Básica da Bahia são lamentáveis. A construção de uma simples passarela que dá acesso ao Estádio de Pituaçú dura tanto tempo que já esqueci para que serve. Talvez seja para fazer páreo com a maior vergonha municipal e estadual: o Metrô de Salvador, que serve de chacota nacional e reforça a visão deturpada da preguiça do baiano. A cidade e o Estado já estavam agonizando antes, é verdade. Mas quando votei diferente não sabia que estava elegendo igual, o que é bem pior. Pensava, em minha ingênua e desnuda esperança, que eles iriam trabalhar duro e com seriedade para que nosso Estado e sua capital melhorasse seu estado de saúde. Mas aconteceu o pior com Salvador: João Henrique não ama essa cidade. Wagner, do mesmo modo, parece odiar. Aliás, os políticos brasileiros, salvo raras e honrosas exceções, não são eleitos para a cidade nem para o estado e muito menos para o país. São eleitos para si mesmos. Visam tão somente seus ganhos pessoais e sua perpetuação no poder, até que a bendita morte - e bote bendita nisso! - os separem. Geralmente o que acontece é "prefeito rico, cidade pobre". São como os portugueses que ocuparam esse país: uma ocupação política extrativista. Não vieram ao Brasil para morar, para fazer desse lugar um lugar de sonhos, um paraíso no novo mundo. Ao contrário: vieram para explorar, extrair suas riquezas e enviá-las para o seu mundo velho e mesquinho. Com toda essa velhice negativa, terminaram por sucumbir esse país, talvez para sempre, porque deixaram a maldita herança do patrimonialismo como "presente de grego", de cujo ventre equino, num processo de natalidade amaldiçoada, a cada eleição, saem os "degradados filhos de Eva" para tomar de assalto as riquezas do nosso país, construídas com o árduo suor da nossa gente e levadas em impostos em cascata, além de exaurirem as combalidas esperanças do povo brasileiro. 

O fato é que ainda não somos uma nação, nem nos orgulhamos da bandeira e do Hino que a representa. Já que a ordem é uma desordem e o progresso é uma miragem. Já que nossa mãe não é nada gentil, porque nos abandona nas filas dos postos de saúde, nos exclui do acesso às internações hospitalares, nos mantém numa pobreza servil. Simplesmente ainda não temos uma nação, com um povo orgulhoso. Temos um bando de larápios, com raríssimas exceções, que mal sabe o que é uma nação, o valor de um território e de sua história. Temos um sistema bem articulado em subsistemas funcionando a todo vapor para legitimar a corrupção, liberar o corrupto, e naturalizar seus desvios hediondos como regra básica da política nacional. Salvador está sendo entregue de bandeja ao capital privado, suas últimas reservas florestais, seus combalidos rios, seus mares. A Bahia está sendo privatizada de chão a chão, de porto a porto, de estádio a estádio. Caso ACM tivesse vivo e governando a Bahia, e privatizasse a BR 324, um mar imenso de bandeiras vermelhas e de "militantes" partidários estariam fechando a via e denunciando a agressão constitucional ao sagrado direito de ir e vir. Ora bolas. 

Gostaria de aproveitar e parabenizar a respeitada senhora Rita Tourinho, que coordena o Grupo de Defesa do Patrimônio Público e Moralidade do Ministério Público, e, entre outras e outros que ainda resistem a esses governos "de Tróia". Não sei se ainda há povo neste território, mas se tem, porque se cala? Porque se omite diante de tanto achincalhe desses homens e mulheres que exibem seu cinismo e sua volúpia em torno do nosso patrimônio público? Contra a privatização da cidade do Salvador, contra a Privatização da Bahia, contra o Governo, sem me denominar libertário.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.

Um comentário:

  1. Meu irmão,
    Sou suspeita pra comentar sobre seus textos, poesia e versos, gosto de tudo que vc escreve. Sou sua fã número um.
    BJO.

    ResponderExcluir

joselitojoze@gmail.com