A educação é um processo
impossível. Pelo menos naquela intencionalidade exata que se espera de uma
racionalidade arrogante, que se enxerga como soberana no campo da formação
humana, produzindo os humanos exatos, calculados em currículos laboratoriais,
concebidos por ideologias conservadoras que se impõem de cima para baixo.
Contudo, quando a educação se pensa como um acontecimento necessário para que a
humanidade continue sua caminhada, como uma estratégia refinada de nossa
espécie homo sapiens para produzir sua
existência de forma humilde, ela se torna possível, na medida em que, percebe
com Paulo Freire que ninguém ensina ninguém, mas que também ninguém aprende
sozinho. Educamo-nos em comunhão, mediatizados pelo mundo.
Daí podemos depreender que
não há educação quando inexiste comunhão. Pode até haver instrução, mas não
educação. Por isso que José Carlos Libâneo nos fala que há muitas pessoas
instruídas, porém poucas pessoas educadas. Há muitos advogados (as), médicos
(as), engenheiros (as), doutores (as), mestres (as), professores (as) que são
instruídos (as), mas não são educados. Por outro lado, há muitos (as) garis,
faxineiros (as), zeladores (as), pedreiros, agricultores (as), lavadeiras de
roupa e serventes que, invariavelmente, têm baixo grau de instrução, mas que
são extremamente educadas. A comunhão exige que as pessoas que precisam e
desejam aprender se aproximem respeitosamente umas das outras, formando duplas,
trios, grupos, instituições baseados em princípios educativos, comungando da
mesma origem e buscando um destino comum, mas não único, justamente porque educar
é uma tarefa imprescindível para a permanência da história humana.
A educação é uma tarefa para
muitos. Ao contrário do que se pensa. Evidentemente que os (as) grandes
educadores (as) exercem um fascínio e uma mobilização de ideias e ações necessárias
e imprescindíveis para o avanço de um movimento educativo e têm sua importância
nesse processo. Mas são os educadores comuns, e muitas vezes anônimos, que constroem,
dia a dia, a grande rede de sentidos onde os novos humanos são tecidos, e por
se tratar de uma rede e não de uma concepção linear, cada ser humano tem vários
caminhos a escolher, vários trajetos a decidir e a traçar, formando sua subjetividade,
não num processo preciso de ser um humano exato, produzido sob certas
especificações e medidas como querem igrejas e religiões, governos, classes,
partidos políticos e grupos sociais, mas num processo eficaz de ser o humano,
construído pelas possibilidades e acontecimentos que suas interações e suas
capacidades lhe possibilitam, em comunhão com outros humanos.
O grande problema atualmente
é que “os muitos” estão deixando de acreditar nas possibilidades da educação. E
a comunhão está sucumbindo ao individualismo. Então, deixamos de educar. E a
catástrofe desses novos humanos aparece no horizonte de nossa história, porque
a educação só acontece em comunhão.
Joselito
da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel
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