Abri a Porta
Dominguinhos
Abri a porta
Apareci
A mais bonita
Sorriu pra mim
Naquele instante
Me convenci
O bom da vida
Vai prosseguir
Vai prosseguir
Vai dar pra lá do céu azul
Onde eu não sei
Lá onde a lei
Seja o amor
E usufruir do bem, do bom e do melhor
Seja comum
Pra qualquer um
Seja quem for
Abri a porta
Apareci
Isso é a vida
É a vida, sim
Essa porta não se abre para a gente. Ao contrário. Colocam muros cada vez mais altos, cercas elétricas, cães pitbull, seguranças privados, policiais com armas e spray's de pimenta. Mas nós queremos "usufruir do bom, do belo e do melhor." Nós e todas as pessoas, a começar pelos nossos terceirizados funcionários de salários atrasados da Uneb. Nós queremos a vida plena e nos queremos plenos, para provar seu mel. Não aceitamos mais migalhas. Vivemos num país rico e queremos partilhar dessa riqueza. E queremos uma universidade rica com professores, alunos e funcionários produzindo riquezas intelectuais diante das demandas e exigências da nossa política, da nossa ciência, da nossa vida enfim. Porque a Uneb e as demais UEBAs são as universidades do pobre do interior da Bahia! Vamos abrir essa porta e aparecer na cena política! A mais bonita realidade vai nos sorrir!
Abrir a porta na perspectiva dialética não é algo de colocar a mão no trinco e empurrar. Nessa perspectiva será preciso forçar a porta. Porque há um pequeno grupo que se coloca do outro lado da porta. Do lado do privilégio, do lado de dentro da inclusão. E nós, estamos do lado de fora. Estamos na chuva, no frio da exclusão. Não queremos de jeito algum ficar à deriva no mar da história, com sede, com fome, bebendo urina para sobreviver num oceano cujo horizonte oferecido é a morte, apenas a morte. Mais do que querer, precisamos entrar para viver. O portão da universidade precisou ser fechado para que ele sempre fique aberto. Paradoxo? Paradoxo para enfrentar a contradição. A porta: abri-la ou derrubá-la? Acabar com a cisão entre o lado de dentro e o lado de fora? Construir uma outra história? Sim. Somente unindo-nos poderemos ficar fortes o suficiente para derrubar a porta, para acabar com o lado de fora e o lado de dentro e construirmos outras realidades possíveis, de portas abertas e tapete vermelho, ou mesmo sem portas, sem luxo, sem privilégios que geram a pobreza política da nossa gente.
Logo percebemos que, na perspectiva dialética de entender o fenômeno no contexto da realidade baiana e brasileira, abrir a porta exige de nós a percepção crítica de nossa condição humana no planeta, vivendo no interior da Bahia, na Bahia, no Brasil. Exige uma identificação de nossa ontologia. Quem somos? Como nos vemos? Como nos definimos? A dialética tem seu momento de conservação da essência. Essência de uma ontologia gestada historicamente, marcada pelo contexto em que somos engendrados e nos engendramos, nos parimos e quando nascemos historicamente, nossas identidades vão sendo re-definidas. As dores do nosso parto, só nós sentimos. É preciso saber quem somos e onde estamos para saber para aonde precisamos ir. Depois, é preciso saber como chegamos onde estamos. Precisamos saber quais forças e estruturas nos colocaram e nos mantêm na pobreza, na negação. Que forças e estruturas nos negam uma universidade decente, pública, com qualidade. Precisamos deixar de pagar o preço do acúmulo do capital, do superávit primário para pagar a ganância que nos apaga a esperança. Precisamos nos colocar na antítese dessa história. É a hora. É sempre a hora. Agora.
Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, da Ana Lúcia, de Cira, Jorge e Ecinho, Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel
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