Bom,
venho pensando muito sobre o currículo e sua importância na formação de
professores através do ensino, da minha experiência de professor, e, devido à
necessidade de institucionalizar esse pensamento, do meu/nosso projeto de
pesquisa. E assistindo algumas palestras promovidas pelo II.º Colóquio de
Docência e Diversidade na Educação Básica: política, práticas e formação,
promovido pelo Grupo Diverso, liderado pela nossa colega Jane Adriana V. P.
Rios, e, diante das propostas de reflexão e mudança do nosso currículo de
Licenciatura em Geografia, comecei a pensar neste objeto específico como um
presente. Um presente de grego às avessas.
Um presente de troiano para ser mais
exato. Ou seja: a universidade com suas muralhas firmes e impenetráveis oferece
para os que estão fora, um Currículo-Cavalo de presente para a Educação Básica
e para a comunidade cujo seio esconde conteúdos troianos insignificantes ou
que, no máximo, vão ter impactos muito pouco relevantes naqueles níveis de
ensino, refletidos no Ideb ou na precariedade que penetra os portões de nossa
cidadela através do analfabetismo funcional que nos adentra. Acredito que nós
temos, uma que pode ser excelente, oportunidade da construção de uma ponte bem
feita entre nós e os outros. Nós, professores (as) e estudantes da Uneb, DCH
IV, Curso de Licenciatura de Geografia em Jacobina, e os outros, professores
(as), gestores (as) e estudantes da Educação Básica, movimentos sociais, etc.,
através da construção de um currículo implicado em nosso contexto, respondendo
às nossas questões, insuficiências e possibilidades, que efetive seus objetivos
e atinja suas metas através das potencialidades que temos juntos, tornando o
diálogo entre ambos os níveis de educação uma expressão democrática de
construção do Curso de Formação de Professores (as) em Geografia de mãos dadas
com a Educação Básica e com interlocutores interessados e interessantes.
Não estou interessado na proposta de
dividir tarefas. Para mim, fazer currículo é, antes de tudo, refletir sobre
quem deve fazê-lo, com quem e pra quem? É fazê-lo com, não para. Não desejo
trabalhar numa grade curricular cerrada e árida, com muralhas impenetráveis,
como se a verdade sobre formação de professores (as) de Geografia estivesse
somente do lado de dentro da muralha. Muito menos desejo atuar na elaboração de
um cavalo troiano às avessas, como se tivesse de vencer uma guerra contra os
que estão do lado de fora do nosso "santuário do saber", produzindo
silenciamentos a partir de um Currículo-Cavalo de batalha. Não desejo um
currículo isolado, arrogante, baseado num pseudo
bacharelado que nem forma professor de Geografia, nem forma o pesquisador da
área. Quero ouvir o que professores e professoras da Educação Básica têm a
dizer e a contribuir ao nosso lado. Não numa guerra, mas numa solidária
construção entre pares que se respeitam e que apenas atuam em diferentes níveis
de ensino que se complementam. Quero a mulher no currículo e o homossexual
também. Quero o negro e o candomblé, o moto taxi, quero o filósofo e o ativista
político. Todos (as) a partir de seus lugares, geografando o Currículo de
Licenciatura em Geografia na construção desse espaço, aí sim,
multirreferenciado socialmente.
Minha proposta é, então, um seminário,
através da proposta concreta do planejamento participativo, no qual os sujeitos
outros que atuam na Educação básica e na Sociedade Civil Organizada de Jacobina
possam pronunciar seu currículo conosco, que formaremos uma comissão de
acompanhamento e sistematização a fim de elaborarmos o Currículo de
Licenciatura em Geografia, tanto levando em consideração a proposta da PROGRAD,
como incorporando sugestões advindas desse processo implicado na sociedade
local.
Alguns efeitos benéficos podem ser
apontados:
Aproximação maior entre universidade e
Educação Básica na formação dos licenciando de Geografia;
Aproximação maior entre universidade e
sociedade civil local;
A possibilidade de elaboração de um
currículo tramado com as culturas locais;
Desenvolvimento potencial do Estágio
Supervisionado;
Elaboração de uma proposta curricular
que faz a passagem do senso comum para o conhecimento científico sem negação um
do outro;
Fundação de uma condição
epistemológica em que saberes oriundos das culturas populares, da Educação
Básica e dos sujeitos que as integram, norteiem nossas práticas de ação
(pensamento é ação) na formação dos (as) licenciandos (as) em Geografia.,etc.
Desejo ir além das
"tarefinhas" que a PROGRAD passou pra gente fazer.
Matriz Curricular:
1. Elaborar um tronco comum de
componentes obrigatórios;
2. Avaliar a necessidade da presença
de pré-requisitos nos componentes que necessitam de um sequenciamento lógico;
3. Criação de componentes optativos
para atender as especificidades dos campi;
4. Discutir nomenclaturas dos
componentes para que possam chegar a um acordo;
5. Julgar a proposta das disciplinas
de 45 horas passarem a serem de 60 horas.
6. Decidir nas ementas dos componentes
Prática de Ensino o que será trabalhado em cada uma delas, de modo a evitar a
sobreposição;
7. Definir nas ementas dos componentes
de Estágio Supervisionado os conteúdos teóricos a serem trabalhados, uma vez
que a questão prática já é bem definida. E discutir se há necessidade de
implantação de pré-requisitos nos estágios.
Joselito
da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, da Uneb, de Tantas Gentes e de Jesus,
O Emanuel.
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