quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O VOTO: VÍRUS OU VACINA?

Próximo ano haverá novas eleições no Brasil para senador, deputado federal, deputado estadual, governador e presidente da república. Será um ano de importante escolha, mais importante e crucial que as eleições passadas, pois será uma “eleição divisora de águas”, na qual veremos se nosso povo quer a continuidade deste cenário ou o início da longa ruptura com ele. Saberemos se queremos a continuidade da corrupção, dos conchavos, das compras de deputados/as e senadores, da entrega do nosso patrimônio nacional ao capital financeiro, do cinismo e da destruição das proteções trabalhistas que afetam a maioria da população brasileira. O voto terá uma valor inestimável neste cenário, funcionando como um vírus que se espalha facilmente ou como uma vacina, que combate a expansão doentia, como uma pandemia.

O que grande número de pessoas não sabe é que o voto é a expressão de poder mais legítima contra verdadeiros atos de terrorismo praticados pelo estado contra o trabalhador brasileiro, a mando do capital privado do nosso país, que se organiza a partir da FIESP na Avenida Paulista. Votar em Antônio Imbassahy, em Lúcio e Geddel Vieira Lima, em João Gualberto, em José Carlos Aleluia e seu filho, em ACM Neto, em Jutahy Magalhães Júnior, em João Leão, em João Gualberto, em Tia Eron, em Irmão Lázaro, em Bispo Marinho, em Mário Negromonte Filho, em Cacá Leão, nos “Lomantos”, no Arthur Maia, Roberto Brito, Benito Gama, João Carlos Bacelar, Paulo Azi, Guilherme Belintani, Bruno Reis, Luiz Argolo, Sérgio Passos, entre outros, é votar:
  • ·        pela manutenção do latifúndio contra a pequena propriedade agrícola
  • ·        pelo domínio do agronegócio em detrimento da agricultura familiar;
  • ·       pelo encarecimento dos juros para empréstimos pessoais nos bancos públicos (Caixa, Banco do Brasil) para sermos obrigados a tomar empréstimos e financiamentos mais caros nos bancos privados (Bradesco, Itaú, etc.)
  •   por benefícios imensos e injustos de empréstimos a juros baixíssimos para grandes empresários do país através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
  • · pela perda de direitos trabalhistas fundamentais ao equilíbrio na relação patrão-empregado, tais como férias, seguro-desemprego, aposentadoria, pagamento de insalubridade, direito a afastamento paternidade e maternidade, etc;
  • ·contra o direito do trabalhador se organizar em sindicatos e associações de sua categoria para defender-se dos ataques patronais;
  • ·pelo domínio dos brancos ricos de São Paulo e do eixo Sul-Sudeste, aliados aos filhos dos antigos coronéis nordestinos e nortistas, sobre os pobres mestiços, negros e indígenas nortistas e nordestinos;
  • ·por hospitais lotados, por falta de enfermeiros/as, médicos/as, auxiliares de enfermagem nas instituições públicas de saúde, forçando você a retirar parte importante do seu orçamento para pagar assistências médicas duvidosas, ou, pior; esperar a morte de seu parente, ou a sua, na entrada dos hospitais, centros e postos de saúde;
  • ·  numa postura policial dúbia, que invade a casa dos pobres a pontapés, agindo com violência desproporcional à situação, matando milhares de jovens negros pelo país afora;
  • pela reprodução de velhas elites regionais, como um gene que se reproduz de pai para filho, pois quando você vota em Cacá Leão, em ACM, o Neto, em Mário Negromonte Filho, em Luiz Argôlo, nos “juninhos” e “filhinhos” de “doutores” "fulanóides” e "doutoras" “sicranóides”, você está ajudando o vírus a se reproduzir com mais força, espalhando a doença que mata a democracia e o povo desse país;
  • · é votar a favor da violência contra as mulheres, contra os homossexuais, contra o respeito às diferenças;
  • ·    contra a educação básica de qualidade para as filhas e os filhos dos/as pobres dos nosso país, que somos nós, que somos a maioria,
  • ·        contra a criação de espaços públicos de debate sobre as diferenças, a diversidade, os grandes temas e problemas de nosso país e de nosso mundo;
  • ·        é votar a favor da privatização de tudo, inclusive da água que você tanto precisa para viver;
  • ·        contra a universidade pública para você e seu/sua filho/a entrar algum dia;
  • ·        contra o avanço do know how científico que poderia dar ao nosso Brasil possibilidade de ser menos dependente da compra e importação de tecnologias produzidas além-mar, enfim, é votar;
  • ·        a favor dos privilégios absurdos dessa corja que infesta atualmente o Congresso Nacional com suas enfermidades morais e éticas;
  • · contra a negritude, as mulheres, os indígenas, os pobres, os nordestinos, os trabalhadores, os/as homossexuais, os idosos, entre outros excluídos, enfim, é votar a favor do seu/nosso sofrimento.     

Desse modo, o voto é esse poder que você tem para decidir o que você quer para você. Se você é masoquista, crie outra forma de se automutilar, de se punir sozinho. E, de certa forma, o voto também é uma questão de identidade política, moral, social, cultural e econômica, pois nele, você escolhe em quem vota em função de quem você pensa que é. Se você é economicamente pobre; se você é nordestino; se você é negro/a, indígena ou mestiço/a como eu; se você é trabalhador/a e vai votar nesses/as candidatos/as acima, perdoe-me, mas você está assumindo uma identidade que só vai comprometer seu futuro e levá-lo à morte prematura e infeliz, porque ficará mais pobre ainda; porque será ainda mais desrespeitado em sua condição humana; porque terá grande probabilidade de morrer antes do primeiro atendimento médico; porque será ainda mais ignorante do que é; porque será empurrado para margens desertas e poluídas, nas quais as doenças afetarão a você e sua família, enfraquecendo ainda mais sua esperança vã.

Cacá Leão, ACM Neto, Luiz Argôlo, e todos os juninhos e filhinhos candidatos a seguirem seus pais são vírus mortais que o voto pode matar (politicamente) como uma vacina. Você decidirá, se quer aplicar a vacina na urna eletrônica, ou se quer reproduzir o vírus que lhe sorri até ser digitado na urna fúnebre. Depois não venha reclamar nem me estender a mão nas esquinas das cidades brasileiras, nem me fazer pedido de doação para o “Criança-Esperança”. Estenda a mão agora, para si mesmo, para os que pertencem à sua identidade marcada pelas condições em que se encontram e abrace a causa de sua raça, de sua classe, de seu gênero, de sua região, de sua esperança compartilhada em ideais comuns. 


Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes, do Nordeste e do Norte do meu país. Com Jesus, O Emanuel, que é um Deus Conosco.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário

joselitojoze@gmail.com