Não sei mais qual a vantagem de ser brasileiro. Ando
cético quanto a isso. Ando cético quanto ao ser humano, de qualquer lugar do
mundo, apesar de Gandhi, de Madre Teresa de Calcutá, de John Lennon, entre
outros. Na França os refugiados da Síria estão sendo maltratados quase tanto
quanto os judeus na Alemanha de Hitler. Nos Estados Unidos, Trump, aquela
figura grotesca de ser humano, tenta a todo custo implantar sua demo-cracia,
deixando mexicanos e demais latinos nas margens do novo grande muro de Berlim
que ele deseja erguer. Na Palestina, os israelitas massacram os palestinos,
mesmo levando em conta a raiva histórica que gera conflitos entre os povos. O
mundo é da insensibilidade.
No Brasil até a liberação dos corpos pelo IML (Instituto
Médico Legal) do Rio de Janeiro, era feita sob o pagamento de propina. No
governo a bandidagem continua julgando a si própria, com apoio de um conhecido
ministro indecente do STF (Supremo Tribunal Federal) e o PCC (Primeiro Comando
da Capital) vai ter campo aberto para financiar campanhas políticas em 2018. O
Brasil é dos bandidos! Os bandidos fazem as leis, os bandidos se elegem, os
bandidos se protegem, os bandidos se completam. Ser brasileiro está a cada dia
mais difícil. Pagamos o preço exorbitante de um estado falido, como um Titanic
cujo rombo está aumentando e as classes que se encontram mais abaixo estão morrendo
afogadas, enquanto as classes mais acima lutam para fugir nos botes que restam.
Mesmo as que conseguem chegar à fila dos pretensos ocupantes desses botes, são
impedidos pelo aparato militar desse navio rumo à tragédia. O Rio de Janeiro atolou com a lama que veio da barragem do Ex-governador/Presidiário Sérgio Cabral e outro Sérgio, o Moro, finge querer combater a corrupção de um partido só, o PT, enquanto o STF libera Aécio, a mafiosa irmã dele e o Lores de Temer.
Haverá uma tragédia, e isso só não vê quem não quer. Em
breve aqueles/as que poderão morrer afogados, quando perceberem a água subindo
sem trégua, lutarão, inevitavelmente, pelas suas vidas. E, quando o aparato
militar se colocar em seu caminho, sem terem lido A Arte da Guerra, de Sun Tzu,
perceberão o que o medo faz com uma multidão de seres humanos. E serão trucidados
pela fúria humana com uma única direção: sobreviver. E não serão brasileiros nessa
hora. E não serão nem humanos nesse momento. Serão seres vivos querendo viver.
Porque saberão em suas peles e em suas fomes, em suas dores e em suas lágrimas,
em suas injustiças e em suas mortes, que não são brasileiros/as. Que não
adianta nascer nesse território, porque nele, são tratados como estranhos, como
escravos, como massa de manobra da guerra e da morte.
De que vale a pena ser brasileiro? Vale a pena ser alvo
de tantas mentiras? Tanto à esquerda quanto à direita? Vale a pena ser
brasileiro? Sendo taxado por tantos impostos, por tantas propinas, por tantas
taxas? Falam que na Venezuela têm uma ditadura. E no Brasil tem o que? Uma dita
mole? Uma rapadura? A gente pode votar em quem não é financiado por grandes
corporações? A gente pode votar em quem não defende o capital privado? A gente pode
votar em quem não é financiado pelo crime organizado? A gente pode votar em
quem não é apoiado pela Rede Globo ou pela Record? Enfim, a gente pode votar na
gente? Nãããããããããããooooooooooo! Aí se reelegem um bando de supostos evangélicos
de fachada, com discursos moralistas fáceis [Tia Eron, Irmão Lázaro, Marcos
Feliciano, Pastor Isidório, Pastor Fulano, Pastor Sicrano, Bispa Beltrana etc.)
que depois votarão contra os verdadeiros evangélicos, cuja fé não se vende por
trinta moedas; aí se reelegem candidatos apoiados pelas grandes corporações; aí
se reelegem vereadores, deputados e senadores apoiados pelo crime organizado e pela
grande máfia que é a governança desse país.
Tenho vergonha de ir a outros países e responder à
perguntar a que lugar do mundo pertenço. Não pela minha gente, não pela
negritude, não pela nossa rica cultura, não pela favela, não pelo Calafate. Mas
por quem nos governa. Todo o sistema: judiciário, executivo e legislativo. Todo
o sistema. Também teria vergonha de ser francês nesse momento. Seria agora
muito mais alemão que outra coisa. Gosto do humor inglês, mas não do mal estar
deles em relação aos outros. Gosto dos africanos, por causa da minha cidade, Salvador,
que me mostrou a solidariedade, a alegria, a força, a fé, a sabedoria e a
resistência negra. Gosto dos noruegueses, por causa da força e do destemor dos
vikings, coisa que falta ao nosso povo brasileiro. Gosto do nosso planeta e de
tantos e tantos povos que nele estão, por ser o único, até agora, deste
universo.
Mas, voltando a este país, detesto! Um país frágil! De políticos
desonestos e mentirosos, ladrões do suor da população, cujas gravatas foram
pagas por nosso trabalho. Raros são dignos de reconhecimento e honra. Raros. Estou
cansado disso tudo, desse teatro sem graça com canastrões muito bem pagos pelo
nosso ingresso forçado. Um país que não reage, que morre como um sapo na água
que vai fervendo a seus pés. Um país cheio de afogados boiando no oceano de
nossa história. Um país sem revolta, sem balaiada, sem sabinada, sem
marinheiros, porque eles se jogaram na água atrás de salvação, que não existe
nas águas gélidas da reforma previdenciária e trabalhista, que não existe na
reforma política feita pelos ladrões que vieram de Portugal e aqui fizeram “sua
ordem” e “seu progresso”. Nesse sentido, eu não sou brasileiro. Sou estranho
nessa terra de “Santa Cruz” que precisa ser redescoberta pelo seu próprio povo.
Joselito Manoel de Jesus, estranho estrangeiro
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