sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano Novo?

Eu não gosto de reveillon’s. Acho uma bobagem. Eu sempre fico atento quando um quantidade imensa de pessoas segue um mesmo passo sem fazer reflexão alguma sobre a passagem que representa o reveillon. Nós não damos a mínima para outra passagem mais importante: a passagem interior do ser humano para o ser humano. De um ser humano envelhecido pela ganância, pelo consumismo, pela loucura de viver destruindo o planeta, dia a dia, para um outro ser humano renovado, que respeite a natureza, o outro e a si mesmo. Não há ano novo algum no horizonte. Tudo ainda é velho e repete o mesmo humano destruidor que embarcou aqui há pouco mais 500 anos. Não há ano novo ainda. A COP 15, em Copenhague, provou isso. Nenhuma decisão séria foi tomada para aliviar o planeta do peso desse humano velho, cheio de empáfia, de arrogância, de ganância, de insensatez. Não há nada a ser comemorado.

Não, não estou sendo pessimista. Mas não adianta ser otimista num mundo cheio de seres humanos de anos velhos, de velhos hábitos, de velhas formas de lidar com a natureza, com os seus semelhantes, com a sua sociedade. Somos hipócritas, consumistas - queremos ser burgueses, como todos os que estão no topo -, somos violentos, egoístas, mesquinhos, mentirosos e falsos. E por isso, se não fizermos um reveillon dentro de nós e mudarmos o paradigma humano que nos orienta, estamos fadados a desaparecer, e deixar o planeta pela porta dos fundos, incapazes que fomos de nos tornarmos melhor. Nem a Terra merecemos, muito menos o Reino de Deus, de Oxalá, de Javé, de Alá, de todos que é Um. Não, ainda não é ano novo. E talvez nunca seja. Eu não gostaria de ser tão deprimente, mas preciso dizer essas palavras urgentemente, elas precisam ser ditas agora, pois sinto que algo está desabando mais velozmente. Parece-me que a aceleração do tempo exige a mudança urgente do ser humano. Eu saio nas ruas e vejo a pressa, a loucura, a violência, a força do golpe, os tiros, o assassinato dos jovens negros das periferias de Salvador e do mundo. Eu sinto na pele o poder do sol, o calor insuportável dos dias e das noites. Eu vejo o cinismo dos ladrões de Brasília, da Bahia, do Brasil e me enojo. Eu vejo o desrespeito generalizar-se e isso me indica a morte prematura do ser humano, cada vez menos humano. Talvez melhor seria se não tivéssemos saído das árvores e das cavernas. Nem a dignidade do pensamento reflexivo, privilégio humano, a gente está exercitando devidamente.

Que ano novo nos espera? Nenhum. Não criamos a possibilidade de um ano novo. Porque não nos renovamos, porque não fizemos a passagem, por que não tivemos a coragem de romper com um modo de vida tão individualista, tão egoísta, tão Liberal, tão mesquinho. O desrespeito que impera entre nós é o maior indicador da nossa dificuldade de renascer em nós mesmos. Não havendo essa possibilidade ainda, não há ano novo, porque aquele que faz o ano ser novo, talvez esteja velho demais para renascer.



Autoria: Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Um comentário:

  1. olha cara, vá lá no meu blog e leia o texto Zé do Contra q tem muito a v com o q tu escreveu aki... rssss... estamos sintonizados. tecendo fios parecidos! abração.

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