terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vida Sêca

Hoje é dia de sol.
De solidão, de melancolia
dia de tristeza florescendo
no quarto, na sala,
no banheiro e na cozinha

Hoje é dia de sol
Hoje é uma data amarela,
dia de evitar a rua
e a janela
 .

Hoje estava queimando meu dia
a cama estava queimando
minha memória ardia.
Havia fogo em minha cabeça
e em meu pulmão
soltava fogo nas ventas
eu me sentia um dragão.

Hoje é dia de sol.
Ardendo nas costas de um retirante
tem uma vida errante
marcando o trajeto histórico
em paus-de-arara
em paus de polícia
em paus de favela.

Hoje é dia de sol
de camada de ozônio rasgada
pele rachando
terra de caatinga quebrada
vidas deixadas à margem da estrada.

Hoje é dia de sol
de lágrimas ferventes
queimando o rosto
de uma alma marcada.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.

2 comentários:

  1. rapaz, senti o calor da sua poesia!!! essa poesia n deve nada à obra "Vias Secas" de Graciliano... E não é bajulação n! eh a sensação de estar numa terra seca e com gente buscando negociar com o sofrimento... a mesma sensação tive ao ler a obra de Graciliano! Parabéns, zelito! abraço.

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  2. Tá fervendo Tico. Tudo arde,tanto no corpo quanto na alma.

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joselitojoze@gmail.com