sábado, 28 de julho de 2012

PELA INFELICIDADE GERAL DA NAÇÃO DIGA AO POVO QUE QUERO FICAR

Não é qualquer pessoa que pode ocupar um governo ou exercer o papel de liderança. Assim como não é qualquer homem e mulher que podem ter um (a) filho (a). Há pessoas que não podem ser o que são nem estar no lugar institucional em que se encontram. Simplesmente porque não gostam do que fazem, odeiam os ônus de ser governo ou de ser pai e mãe. Não têm capacidade de fazer o que deve ser feito, principalmente nas situações mais difíceis, que requerem decisões firmes e rápidas. Refiro-me a pessoas, mas o termo correto para me referir à realidade baiana não é este. Talvez, fosse “cultura”. Porque a nossa cultura baiana degrada antecipadamente qualquer governo, qualquer ação política de estado, na medida em que julga os fatos e fenômenos a partir da conservação indefinida do grupo que governa no poder do estado e não o bem-estar da população a qual deveria servir.

Nossa cultura política nunca entendeu, por razões diversas, que governar é servir, é trabalhar para que a população do estado federativo seja mais feliz. E ser mais feliz, nesse caso e concretamente, é ter acesso a uma educação pública de qualidade, a um sistema de saúde eficiente, a uma proteção do estado, cujo braço armado – as polícias e seu direito exclusivo de matar – seja exercido em nome da vida, do direito, da verdade e da justiça. Ser feliz para a população diante do estado é também ter direito a saneamento básico, transporte coletivo de qualidade, assistência social, acesso a praças, parques, campos de futebol, quadras de esporte (Vôlei, futebol, basquete, tênis), bibliotecas, teatros, enfim, o mínimo necessário que o estado deve garantir para que as pessoas, principalmente as mais pobres, possam usufruir dos bens coletivos com satisfação. Entretanto, como nossa cultura política nunca entendeu isso, a nossa população vive triste, esquecida, abandonada em fins de mundo construídos pelos poderes não estatais que governam soberanos sob o signo da imposição de pessoas e pequenos grupos que exercem a violência como forma predominante de coerção, inclusive a própria banda podre da polícia.

Com governantes frágeis, mais preocupados com a próxima eleição do que o planejamento, acompanhamento e a conclusão de obras e projetos cruciais para o desenvolvimento do estado, o estado enfraquece seu poder, que deveria ser exercido com firmeza para a felicidade da população, e permite que um grande mosaico de terror, desesperança, mesquinhez, má vontade, ignorância, sujeira, violência e mau gosto se instaurem como alternativa de um poder que, em sua diretriz, não se alterna. Na Bahia, a saída do antigo PFL foi um aceno de nós, povo, para a alternância do poder rumo à esperança que cultivamos. Esperamos o primeiro mandato petista e não chegou a nova história que desejávamos. O segundo mandato petista começou e ainda não percebemos elementos concretos de felicidade para nós. Esse estado já estava falido pelo modo como é operado pela cultura política e social que preside o nosso olhar, o nosso fazer, o nosso ser. E o outrora Partido dos Trabalhadores, colaborou ainda mais para que este lamentável conjunto de desvalores fortalecesse sua instituição. A noção de cidadania da Revolução Francesa é ainda uma miragem em nosso território e a construção do nosso espaço se dá pela via do interesse e do poder econômico, em detrimento do combalido poder popular.

A praça não é de povo algum, nem a de Castro Alves, nem a de Paripe. As calçadas não são para os pedestres, e os parques não são dos moradores e transeuntes, senão dos marginais. As obras não são do governo, mas dos interesses de empreiteiros e políticos no desvio de verbas; as escolas não são do interesse dos estudantes, pais de alunos (as), professores (as), e de diretores e diretoras-educadores (as), mas do desinteresse geral. Os projetos culturais não aparecem como elementos fortes de influência na formação da personalidade de crianças, jovens e adolescentes. Nem as igrejas, que antes exerciam forte influência em parcelas da juventude, não conseguem mais, depois que renunciaram sua ação escatológica (entendida como o esforço de entender os últimos eventos e sucessos do ser humano), motivar a juventude a participar da construção de um mundo diferente deste nosso, mesmo porque, penso que a igreja aposta no evento apocalíptico permanente como forma de manter o seu status e seu poder. As religiões na Bahia, apostam mais no inferno aqui no mundo, do que na transformação do mundo num Reino de Deus. O inferno rende mais fiéis que o céu. O céu pode esperar.

E nossa cultura patrimonialista, religiosa, que apresenta um deus num instrumento de tortura apontando para o inferno como arma ideológica, e não um Deus humilde, corajoso, como símbolo de libertação plena, junta-se a governantes mambembes, cujo tema da felicidade da população passa distante de seus interesses de poder e ideológicos, preocupados apenas em assegurar-se hegemonicamente no mundo, perpetuando o seu legado de desprezo pelo que é essencial na política e na religião: a felicidade das pessoas. Governam, portanto, mais a dor, que o prazer e a alegria que se realizam, predominantemente, no acesso do povo aos bens produzidos pela humanidade.

Joselito da Nair, do Zé, de Ana Lúcia, de Rafael, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

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