quinta-feira, 28 de abril de 2011

Governo pesadelo

Governador do meu pesadelo
você quer mais dinheiro
pra copa do mundo;
pra Fonte privada
mas não nos prive de tudo,
não nos deixe com nada.

Esqueça de nós,
professores do Estado
e cobre aos bancos privados:
o dinheiro está lá!
Vá buscar com impostos e taxas
com multas e empréstimos.
Dinheiro sempre tem,
dinheiro sempre haverá
pra pagar sua ganância política
pra deixar sua herança maldita
pro petista da hora.

Dinheiro sempre há
pra apagar seu passado.
Dinheiro sempre tem
para a sua propaganda política
tem dólar, tem euro, tem libras
mas não nos tire o vintém.

Deixe eu pagar meu jornal,
o meu pão, meu canal.
Deixe eu pagar a escola do meu filho
e a saúde da minha mãe.
Deixe-me honrar os meus compromissos.

Governador: deixe!
Deixe-me ficar com o mensal
Deixe o aumento anual
que mal corrige a inflação.
Não me deixe no pé, nem na mão.
Dinheiro sempre tem
Dinheiro sempre haverá
de onde vem, de onde virá
não importa.

Taxe o wysky
Taxe a coca
a corrupção.
Mas não taxe o professor
Universitário
por fazer seu trabalho.
Deixe-nos em paz
e vá pra direita
Com Iscariostes e Barrabás.

Joselito M. de Jesus, Professor universitário

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Religioso sem religião

Eu sou religioso, pois gosto de religar algumas coisas que estão ao meu alcance. Não tenho, porém, religião, pois eu sei o quanto ela atrapalha a religação entre as coisas que ela classifica como bem e mal, como certo e errado, como pecado e virtude. Há um Jesus que a Bíblia nos apresenta e que não é o mesmo Jesus que as instituições eclesiais nos impõem goela abaixo. O Jesus da Bíblia dialoga com todas as pessoas, ouvindo atentamente a sua lógica tecida culturalmente no seio da sociedade. É um Jesus que anda no meio do povo e toma partido pelo injustiçado; um Jesus que procura compreender profundamente o contexto em que está inserido. Por isso vai curioso ouvindo histórias, olhando a paisagem, interagindo com as culturas locais, percebendo seus vetores de poder, de saber, de esperança. Garimpa os achados e elabora sua mensagem com metáforas, alegorias, parábolas, produzindo mediações religadoras entre as coisas do céu e da terra.

Leonardo Boff, em seu livro O Pai Nosso, nos explica essa oração fundante do cristianismo de modo elucidativo. Ele nos ensina que tal oração consta de duas partes: A primeira parte lembra ao ser humano sua obrigação sagrada com o Senhor Supremo do Céu: O Pai, a santificação do seu Nome, a vinda do Seu Reino, a satisfação de Sua Vontade, vontade de amor, de alegria, de compartilhamento festivo de toda a criação e a criatividade Dele, além de nossa ação transformadora e cuidadosa com sua criação. Assisti ao filme "Avatar". Foi o filme mais místico e religioso que assisti nos últimos anos. Toda a criação compõe uma simbiose onde todas as coisas estão ligadas no curso da vida. E mesmo quando a morte vem é traduzida como uma continuidade, uma devolução ao cosmos, à senhora Vida, do que nos foi dado, seguindo a lógica do “(...) e ao pó tu voltarás”. “A Paixão de Cristo” eu já assisti “n” vezes. Sempre no período da Quaresma. Tornou-se obrigação oficial e, por isso mesmo, perdeu sua força fundadora, revolucionária, que falava que aquele acontecimento representava a verdadeira e radical transformação do mundo a favor dos pobres, humildes, encarcerados, marginalizados. Ao contrário: ganhou status de mercadoria, onde atores globais encenam o personagem “divino”. Coloco aspas em “divino” para sinalizar a contrariedade de um personagem que torna-se mercadoria, cujo valor agregado vem, não de Jesus, mas do ator global que encarna, a um cachê nada desprezível, seu personagem magnífico. E vão todos os clientes, digo, os fiéis, curtirem Nova Jerusalém, ver o “grande” ator desempenhar seu papel fora das novelas, digo, renovarem sua fé Naquele que nos libertou das garras do Satanás.

Na segunda parte da Oração do Pai Nosso as necessidades humanas são lembradas. O pão, representando o cuidado com as coisas temporais, a luta histórica pela sobrevivência. Somos seres biológicos e, como tais, precisamos, antes de tudo, nos alimentar para, como diria Marx, fazer história. O perdão necessário que representa o cuidado com a saúde do espírito. Depois vem o pedido de proteção contra as tentações e contra o mal ameaçador da dignidade humana, de seu aconchego com Deus. As tentações estão sempre presentes e precisamos orar e vigiar para não cairmos em tentação. O Pai Nosso religa, media a relação do ser humano com Deus. Esta oração é um documento que demonstra, pela fé, que Deus nos quer perto Dele, e faz sacrifícios supremos para conseguir isso, nos acompanhando como um Grande Pai por toda a nossa história. Deus nos espera de braços abertos. Com esses "braços abertos" não o imagino sofrido numa cruz, ensanguentado, abandonado por nós. O imagino sorridente, de braços abertos esperando o abraço feliz de quem, compreendendo o seu incrível sacrífico, o ama. Deus está aqui e eu quero abraçá-lo. Ele me espera num lugar bonito, arejado com brisas amenas, com um céu azulado e uma paisagem verdejante. Esse lugar é encantado e existe antes de mim. Mas para que eu possa entrar nele, é preciso que ele entre em mim antes, como um sonho de um mundo ecologicamente cuidado, preservado pelas mãos de pessoas sensíveis, que desejam viver num lugar assim, cultivado em seu seio. Um lugar dentro de nós, para existir fora de nós.

Eu quero fazer parte desse lugar, e por isso devo cultivá-lo dentro de mim. Deus está em todo lugar. Se assim o é, todo lugar é um templo vivo de adoração, pois ali está Aquele que tudo criou. Quando eu jogo lixo no chão estou me lixando para isso, ainda que minha ignorância me perdoe dessa ofensa. E o diabo fica rindo de cada esgoto, de cada lixão, de cada sujeira, no ar, na água, no chão. Voltando ao filme “Avatar”, lembrei-me da cena da caça. A linda nativa faz uma oração para a vida que interrompe a fim de alimentar sua comunidade. Que coisa mais linda! Há um reconhecimento da consciência de que interrompeu uma vida e por isso ora, pedindo autorização à Vida pela vida que tira. Eu não fui nesta quaresma à igreja alguma rezar. Não preciso. Deus me fala em todo lugar. Claro que sinto falta da comunidade que, com todos os seus defeitos, rezava uma oração bem maior que a minha, que a minha oração rezava junto. Alguns até podem alegar, com certa razão, que entrei num individualismo religioso que me afasta do próprio Deus, que se revela, predominantemente, na comunidade. Mas eu pergunto: Que comunidade? Que comunidade existe depois que as Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) foram desarticuladas pelos poderes conservadores da igreja católica? Depois que entramos no cristianismo de resultados, onde muitas pessoas buscam o santo não pelo exemplo, mas pelo milagre, o sentido de comunidade que partilha o pão e faz história perdeu sua vitalidade escatológica.

Só me resta a tentativa de religar coisas, do “desejo ao impossível”, de juntar o que está partido, o que separa, pois o sentido do sagrado é isso. O que é atirado converge, vai junto; enquanto que o diabólico é divergente, separador, que dispersa forças nas construção coletiva e comunitária de um mundo melhor para todos, do lugar que deve existir antes dentro, para ser construído fora. Eu tenho minha espiritualidade, minha sensibilidade que percebe nos detalhes de cada dia o Deus Vivo que me fala de um outro mundo possível, de um Reino diferente, onde rei e presidente vivam contentes no meio do povo, partilhando palavras, alimentos, vivências solidárias de amor e compaixão. Sou religioso sem religião.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ecinho, de Itajacira, de José Jorge, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Tome a Bahia em sua cara

Tome a Bahia pela cara seu nativo!
Tome lá, digamos,
no umbigo.

Seu atrevido...
Quer conforto?
Quer abrigo?
Quer retiro?

Tome o PT “pelos peito”
e receba a sua esperança
esperança incandescente
na indecência nuclear

Fique com o seu Luís Eduardo
o herói Magalhães
para sempre.
Fique com seu metrinho
de metrô
que liga superfaturamento
a financiamento eleitoral.
Vá de Ivete, o seu ferry
na baia de todos os problemas,
à deriva de gestão oficial.

Receba o seu corte de gastos
no caixa
do supermercado.
Corte o cine,
e a navalha em sua carne.
Corte o álcool,
corte o leite
e vá se drogar.

Vá se drogar!!!
seu baiano.
Passa a fome
você não come
e nem aciona a descarga.
O governo agradece a economia,
e você esmorece dia a dia.
Depois, vem sua polícia
e te mata.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ecinho, de Cira, de Jorge, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Endereços do gozo

O gozo reside na voz,

no toque,

no olhar

no decote

no perfume

que acontece em nós.


A mulher me ilude

e me prende

me ata, me gasta

me entende

e, por isso,

controla, denota,

detona, eleva,

expande aonde sem fim

e, por fim

entrelaça, abraça

não deixa partir.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Ecinho, de Cira, de Jorge, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Democracia à brasileira


Vivemos uma democracia fajuta, astuta, cínica e puta.
Não é essa, nem é isso.
Ela não presta, ela se vende em seu rito esquisito.
Não é essa, nem é isso.
Esses não ditos e esses opacos
falam num grito pra dentro que implodem o meu fígado
que incham pulmões e atacam o cardíaco

Êta democracia sem cidadania!
Sem ética e sem justiça
Democracia sem amor à pátria
Como é que pode?
Como é que vota?
Como é que prende?
Como é que solta?

Êta democracia safada
Um vale tudo
Que não vale o nada.
Tão descarada que muda tudo
pra mudar o absolutamente nada.

Tem seu discurso oficial
tem seu caráter duvidoso
tem sua eleição mascarada
de povo liberto
emancipado, aberto
ao processo de escolha
de optar por alguém que enfrente
na frente de todos
das câmeras e dos microfones.

Essa democracia microeletrônica:
Fones, povos, cidadãos,
Justiça, saúde, segurança
Limpeza, lazer, educação.

Democracia pequena, apertada
ajustada aos esquemas oficiais
do governo, o de sempre
o de mesmo
o que afirma ser outro
o novo, a esperança,
a mudança, o diferente
o de sempre mesmo,
o mesmo de sempre.

Democracia puta
na compra e venda de votos
Democracia marcada pelo governo
de todos os alguns poucos

que apoiam os nós (projetos),
os dejetos oficiais.
Democracia mensaleira,
historicamente brasileira
que prende o povo na ignorância
e na bolsa canguru.

Não é essa, não é isso
Não, não não!!!
Eu prefiro o Irã, a Líbia
o Egito.

Joselito da Nair, do Zé, de Ecinho, de Cira, de Jorge, de Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

Lentidão e velocidade no tempo de nossa nação

O mundo: lento e veloz
Mundo cão, mundo algoz
Mundo algum para ti,
Para mim, para nós.

Mundo mudo
Sem reação e sem voz.
Bahia, cheia de nós
Brasil cheio de atados
cheio de seus atrasos.

Brasil lento na maca
do hospital público
na fila do banco privado
no pátio de embarque
e desembarque do ar.
Brasil lento no porto,
no mar
no rio e no asfalto.

Brasil lento no ensino
e na aprendizagem
sono-lento na justiça
bocejante na legislatura
das coisas fundamentais.

Lento em patentes
no cuidado com a terra
com a guerra ao tráfico
e com a batalha contra a corrupção.

Brasil baiano, paulista, carioca
me choca, elétrico.
Bahia veloz
Entrega a pizza, a BR
sem atraso.
Mata o moto boy,
na velocidade da luz
acima do permitido pela via.

Brasil que lucra milhões no toque
de uma tecla
que fabrica aviões no tempo fugaz
do pedido chinês.
Brasil que mata o tempo
do atraso veloz
que marca o gol na velocidade da voz.

Paradoxo com isso!
Hetero e homo doxo com aquilo
Sede veloz na solidariedade
como és quando tens a dor alheia
na tragédia alhures.
 
Sede veloz com a dignidade,
no serviço privado e público
na cidadania e na cidade.
Sede veloz no combate ao crime
na punição dos corruptos,
no socorro aos desvalidos
no saque do calibre
pro tiro na inflação.

Sede lento no aumento de impostos
no salário dos legisladores
das tarifas, dos tributos
no roubo aos cofres públicos
na velocidade aos cargos.

Sede lento e veloz
no que for preciso
pra alegria do povo
O tempo de uma nação é esse:
o tempo dos seus
pra viver seu país a cada segundo
pra fazer de seu país
um exemplo pro mundo
um tempo certo pras coisas certas
e erradas.

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Cira, de Jorge e de Ecinho, Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

quinta-feira, 21 de abril de 2011

SE EU PUDESSE VIVER NOVAMENTE A MINHA VIDA

1. Enfrentaria os meus medos, amaria mais e trabalharia menos. Faria (fazeria) coisas simples e prazerosas (prazeirosas), reinventaria a arte de viver e faria da minha vida um mundo de infinitos sonhos.
2. Amaria um pouco mais, passaria mais tempo com minha família, me dedicaria com mais intensidade aos meus objetivos. Pra falar a verdade, viveria tudo outra vez, buscando compreender minhas falhas, como tentativa de superá-las com maior amadurecimento.
3. Mudaria um pouco a minha personalidade. Deixaria de ser tão pessimista, confiava mais em mim, acreditaria mais nas pessoas e principalmente no amor. Perderia alguns medos, deixaria de ser tão ansiosa (deixaria a vida me levar). Usaria óculos escuros, pois assim, talvez não estaria com astigmatismo hoje. Seria mais solidária, mais vida. É isso.
4. Eu teria mais cautela em algumas coisas e mudaria algumas delas, inclusive em relação aos estudos. Teria aproveitado mais as oportunidades que deixei passar, mas, por fim, não arrependo-me de muitas coisas que fiz e deixei de fazer.
5. Teria estudado mais e trabalhado menos.
6. Faria o possível para melhorar meus conhecimentos acerca de alguns assuntos relacionados à área física, sobretudo matemática.
7. Viveria de maneira mais intensa; valorizaria as coisas mais simples da vida, tais como: o amor, a reciprocidade, cumplicidade, amizade...
8. Daria mais valor aos estudos; sorriria mais, me estressaria menos e daria valor às boas coisas da vida.
9. Seria mais prudente nas minhas escolhas.
10. Faria as coisas bem melhor, pois estou mais experiente.
11. Tentaria ter menos medo de viver, pensaria muito antes de agir para não cometer os mesmos erros.
12. Viveria alguns momentos com mais intensidade.
13. Estudaria mais matemática e português. (BASTA LER MAIS E FAZER MAIS EXERCÍCIOS)
14. Corrigiria meus erros, não teria medo de arriscar, me entregaria mais à vida.
15. Eu diria palavras que não disse a quem merecia. (Reconciliação ou rancor?)
16. Teria mais consciência dos meus atos, pensaria mais antes de agir. Talvez (talves) mudaria algumas atitudes.
17. Dedicaria mais tempo aos estudos.
18. Talvez não faria (fizesse) licenciatura.
19. Eu já teria me formado, estaria trabalhando, exercendo a profissão e ajudando as pessoas que precisam.
20. Daria valor às coisas mais simples e menos importância ao que os outros pensam de mim.
21. Mudaria pequenos detalhes, evitando alguns erros.
22. Dedicaria mais atenção para tentar acertar onde deixei a desejar.
23. Eu faria tudo exatamente igual.
24. Não mudaria nada.
25. Faria tudo outra vez.
26. Faria tudo outra vez.
27. Faria tudo outra vez.
28. Faria tudo quase igual.
29. Erraria tudo exatamente igual.
30. Faria tudo diferente.
31. Faria tudo diferente.
32. Deixaria de ter feito muita coisa e feito escolhas totalmente diferentes.
33. Eu não viveria da mesma maneira.
34. Faria escolhas diferentes e mudaria muitas coisas.
35. Seria diferente.
36. Cultivaria a ignorância em todos os níveis cabíveis, pois a ignorância é uma dádiva.

Vamos organizar os dados agora para podermos trabalhá-los reflexivamente.

UNIVERSO 36 ALUNOS
MUDAVA TUDO          FARIA TUDO NOVAMENTE    REPENSARIA ALGUMAS COISAS A FIM DE MUDÁ-LAS


07 ALUNOS(19,44%)        07 ALUNOS (19,44%)                                         22 ALUNOS (61,11%)

Como vocês podem perceber a vida é complexa e nos desafia constantemente a agir diante dela. A vida que se dá no mundo. Todos e todas estão certíssimos em suas afirmações, reafirmando a singularidade de cada um e as reações diferentes diante do mundo que cada um expressa. As pessoas não estão erradas por se pronunciarem, por colocarem-se frente aos desafios do mundo que exige novos pronunciamentos que, na maioria dos casos, são sempre originais, mesmo quando ditos com as mesmas palavras, com os mesmo signos, o sentido é sempre dado pelo contexto em que a pronúncia é feita e ao interlocutor a quem se endereça a pronúncia.

Algum de vocês precisaria mudar tudo. É importante. Algumas pessoas desejam uma renovação completa de si e as vezes não compreendem porque são como são, embora desejassem serem outras, sendo elas mesmas. Eu também passo por isso e percebo que algumas pessoas pensam que sou um idiota, porque sou como sou. Um aluna de Educação Física perguntou-me, por exemplo, por que eu era tão diferente no Campus daquele que escrevia em meu blog? Pois é, há uma face em mim que também rejeito mas que pareço não ter controle sobre ela. Percebo que alguns alunos e algumas alunas desejariam que eu fosse diferente e compartilho esse dilema desde que sou criança.

Algumas pessoas as vezes não entendem que os estudos não são prioritariamente para passarem em concursos, serem reconhecidas, etc. mas como um modo de autoconhecimento, como uma metacognição que procura entender o nosso entendimento, o que fica claro em algumas afirmações de vocês. Afirmações como:

Viveria de maneira mais intensa; valorizaria as coisas mais simples da vida, tais como: o amor, a reciprocidade, cumplicidade, amizade...; Enfrentaria os meus medos, amaria mais e trabalharia menos. Faria coisas simples e prazerosas, reinventaria a arte de viver e faria da minha vida um mundo de infinitos sonhos.

Amaria um pouco mais, passaria mais tempo com minha família, me dedicaria com mais intensidade aos meus objetivos. Pra falar a verdade, viveria tudo outra vez, buscando compreender minhas falhas, como tentativa de superá-las com maior amadurecimento.

Mudaria um pouco a minha personalidade. Deixaria de ser tão pessimista, confiava mais em mim, acreditaria mais nas pessoas e principalmente no amor. Perderia alguns medos, deixaria de ser tão ansiosa (deixaria a vida me levar). Usaria óculos escuros, pois assim, talvez não estaria com astigmatismo hoje. Seria mais solidária, mais vida. É isso.

Eu teria mais cautela em algumas coisas e mudaria algumas delas, inclusive em relação aos estudos. Teria aproveitado mais as oportunidades que deixei passar, mas, por fim, não arrependo-me de muitas coisas que fiz e deixei de fazer.

Erraria tudo exatamente igual; Daria valor às coisas mais simples e menos importância ao que os outros pensam de mim; não teria medo de arriscar, me entregaria mais à vida.

Tais afirmações revelam que o conhecimento não pode ser simplesmente um instrumento pragmático para ter “sucesso” na profissão. O “sucesso” da vida pode ser, simplesmente, a reinvenção da arte de viver e de fazer da vida um mundo de infinitos sonhos. Pode ser também: passar mais tempo com a família; Deixar de ser tão pessimista, confiar mais em si, acreditar mais nas pessoas e principalmente no amor. Perder alguns medos, deixar de ser tão ansiosa (o) (deixar a vida te levar). Dar valor às coisas mais simples, reconhecer o valor dos erros como momentos importantes para nosso aperfeiçoamento humano. E, por fim, a arte de se entregar à vida, como um conhecimento vivo que pulsa, que até na hora da morte, ora para continuar vivo de outra forma, em outro tempo e espaço, pois a vida é uma preciosidade que a imprudência e a loucura do mundo insiste em ameaçar.

Qual a relação que podemos estabelecer com a educação inclusiva a partir desses dados iniciais e singulares de vocês? Bem, vocês observam que, dentro de cada um existe algo a ser corrigido, mesmo aqueles e aquelas que fariam tudo exatamente igual. Somos imperfeitos por natureza, sempre temos uma "deficiência" e sempre há algo em nós que escapa, que foge à normalidade padrão e que ocultamos, pois, não sendo tolos, não podemos expor nossas fraquezas ao inimigos de plantão que estão à espera de uma oportunidade para nos atingir onde somos mais frágeis. Mas todos querem ser incluídos, justamente por percebermos que o mundo tem uma máquina incansável de exclusão, presente em todas as culturas. Tem o excluído porque é baixinho, outra porque tem um narigão, outra porque é negra, outro porque tem dificuldades para falar em público, outro porque mora na zona rural “de acolá”, outro porque é do candomblé, outro porque não consegue arrumar namorada, outro porque é isso e aquilo outro. É assim nosso mundo, onde forças de exclusão e forças de inclusão se debatem permanentemente em busca de hegemonia. Essas forças estão dentro de nós, nos esconderijos do inconsciente há um sabotador de nós mesmos, que não entendemos bem como ele foi parar lá, mas que insiste em atrapalhar nosso ser de ser mais. Por isso eu digo em sala de aula que somos sapiens e demens, numa luta interminável que exige constante reflexão para dentro de nós mesmos. Precisamos ir para o Divã e nos perguntar:

Por que eu resisti a estudar quando mais devia? Por que eu fugi de estar com minha família em momentos que poderia estar com ela? Por que eu esqueci das coisas simples da vida e fui sofrer a batalha da conquista de coisas que, depois, se mostraram irrelevantes? Porque os medos me paralisaram, que são medos que poderiam ser enfrentados em nome de objetivos maiores? Por que a coragem que tanto valorizo no outro não encontro em mim mesmo (a)? Por que eu não aceito os desafios do mundo e me escondo numa certa mediocridade coletiva? Por que eu não encaro meu tempo na universidade como um tempo de transformação qualitativa de meu ser profissional e pessoal?

E, diante disso tudo, fico muito contente com o amadurecimento de vocês. Essa turma cresceu e se faz perguntas muito interessantes e profícuas que revelam tal amadurecimento e, inevitavelmente, vão conduzí-los a patamares elevados de compressão de si mesmos, do outro e do mundo.

Um abraço afetuoso: Joselito M. de Jesus.

terça-feira, 19 de abril de 2011

DECRETO Nº 12.583 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2011

CAPÍTULO V
DAS DESPESAS COM PESSOAL

Art. 9º - Os órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual deverão observar e cumprir, fielmente, as ações a seguir estabelecidas para a gestão da despesa e controle do gasto de pessoal, até 31 de dezembro de 2011:

I - suspender o remanejamento das dotações orçamentárias para contratações pelo Regime Especial de Direito Administrativo - REDA;

II - reduzir as despesas com contratação REDA no corrente exercício, segundo metas a serem aprovadas pelo Conselho de Política de Recursos Humanos – COPE;

III - suspender o aumento na cota das Gratificações por Condições Especiais de Trabalho – CET e Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva – RTI, concedido aos órgãos e entidades para cargos em comissão, a exceção de criação de novos cargos em comissão, decorrentes de reestruturação organizacional;

IV - suspender a concessão ou ampliação de percentuais da Gratificação por Condições Especiais de Trabalho – CET e Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva – RTI para cargos efetivos e de carreira do Poder Executivo Estadual, exceto os percentuais já acordados no Sistema Estadual de Negociação Permanente – SENP;

V - vetar a reestruturação ou qualquer revisão de planos de cargos e salários das empresas públicas e sociedades de economia mista, pertencentes ao orçamento fiscal e de seguridade social, que impliquem em aumento da despesa de pessoal;


VI - suspender a concessão de afastamentos de servidores públicos para realização de cursos de aperfeiçoamento ou outros que demandem substituição (Ou seja, quem quiser sair não terá substituto).


Parágrafo único - As situações excepcionais de que trata este artigo serão decididas pelo Governador do Estado, ouvido, previamente, o Conselho de Política de Recursos Humanos – COPE, que analisará a pertinência e a conveniência da medida proposta.

Art. 10 - Os órgãos e entidades da Administração Pública do Poder Executivo Estadual deverão proceder estudos visando à substituição dos contratos REDA das suas respectivas Pastas por outras formas de provimento de pessoal, sendo, preferencialmente, adotados aqueles programas voltados para a inserção do jovem no ambiente de trabalho, a exemplo do Programa Estadual de Aprendizagem – Mais Futuro.


Art. 11 - Os órgãos e entidades deverão fornecer, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contados a partir do recebimento da respectiva solicitação encaminhada pela Secretaria da Administração, toda a documentação necessária para fins de formação dos requerimentos de compensação previdenciária.

Parágrafo único - O prazo de que trata o caput deste artigo poderá ser prorrogado por igual período, mediante justificativa prévia e autorizado pela SAEB.

Fico feliz em podermos estar entrando no campo da formação da vontade discursiva, a fim de decidirmos quais os caminhos mais promissores para nossa luta política. Mas ao mesmo tempo fico triste, pois são sempre os mesmos (as) professores e professoras que manifestam sua vontade. Parece que nós somos os "encrenqueiros", os "oposicionistas de plantão" que estão fazendo oposição sistemática ao "melhor governador de todos os tempos" como nunca antes na história desse estado baiano de coisas. Os demais são homens e mulheres invisíveis, que parecem ter uma cidadania de papel, omitindo-se em silêncios inapreensíveis, que fogem ao bom combate. Caso ACM tivesse vivo e privatizasse a BR 324, com certeza o PT e todo o seu aparato militante, talvez incluindo-me, estaríamos fechando a citada via para manifestarmos contra sua entrega aos "donos do capital" em mais uma arrogante e arbitrária decisão da "direita conservadora". Caso fosse Paulo Souto, que também não é flor que se cheire, que tivesse aplicado este Decreto funesto para a universidade baiana, ah, seria uma reação muito mais potente que esta pasmaceira que compartilhamos nesse cotidiano político onde somos atores de segunda, ou talvez nem isso, somos ovelhas indo para o matadouro. O PT se uniu, em nome de uma abstrata "governança", ao que a gente mais repudiou em nossa história política nesta Bahia. Deve, por coerência, mudar de denominação e passar a chamar-se PARTIDO DOS PATRÕES, e não dos trabalhadores. A cabeça só mudou de nome, mas continua branca.

Creio que nós, professores, educadores, precisamos mostrar para as outras pessoas que somos educados, que educação faz a gente ser melhor, em todas as dimensões da vida, incluindo a política. Mas observo que demonstramos que educação e política tem pouco a ver. Precisamos demonstrar para as pessoas que nossa função intelectual na sociedade dá uma contribuição inestimável para a formação humana, tanto do ponto de vista técnico, quanto humano e também político. Li em algum lugar que não foram garras e músculos que nos deram a hegemonia na natureza, mas a inteligência abstrata. Embora sejamos sapiens e demens, e vivamos nossas contradições do dia em que nascemos ao dia em que morremos é preciso ter fé e construir esperanças nesse mesmo dia a dia que insiste em nos liquidar, em nos liquidificar em meio ao lamaçal que envolve o nosso tempo contemporâneo. Precisamos dar mais um exemplo vivo que de que não somos cidadãos de papel, como diria Dimenstein, e dialogar criticamente com esse governo estranho, sem projetos claros para a sociedade, sem um planejamento adequado que se alia a deus e ao diabo para manter a "hegemonia partidária". Se o novo cabeça branca da Bahia quer economizar comece por demitir os indicados pelos deputados da base de apoio, conquistada com cargos e indicações. Muitos desses "indicados", verdadeiros incompetentes a serviço de si mesmos e de seus "indicadores oficiais da assembléia legislativa". Corte os auxílios demasiados que tornam a assembléia legislativa um poço sem fundo de gastos. A democracia precisa mais de participação popular que de deputados indolentes.

Ora bolas, Se somos educados, se compreendemos que estamos sendo usurpados dos nossos direitos pelo Governo de todos os nós, então porque não reagimos de alguma forma? Seja através de greve, seja através de outras formas de mobilização precisamos mostrar para esse governo que também temos PODER, e podemos exercê-lo tanto no campo ideológico, quanto no campo político propriamente dito. Sei da importância do nosso trabalho e do trabalho que ele dá para ser bem feito. E por isso e por outras, tenho CONVICÇÃO em nossa organização e em nossa luta política.

Vamos rasgar a cidadania de papel e fazer renascer a cidadania ativa e plena de uma categoria que precisa ser respeitada!!!

Joselito M. de Jesus, um professor que quer deixar de ser um cidadão de papel frente ao "governo de todos os lá eles".