quinta-feira, 21 de abril de 2011

SE EU PUDESSE VIVER NOVAMENTE A MINHA VIDA

1. Enfrentaria os meus medos, amaria mais e trabalharia menos. Faria (fazeria) coisas simples e prazerosas (prazeirosas), reinventaria a arte de viver e faria da minha vida um mundo de infinitos sonhos.
2. Amaria um pouco mais, passaria mais tempo com minha família, me dedicaria com mais intensidade aos meus objetivos. Pra falar a verdade, viveria tudo outra vez, buscando compreender minhas falhas, como tentativa de superá-las com maior amadurecimento.
3. Mudaria um pouco a minha personalidade. Deixaria de ser tão pessimista, confiava mais em mim, acreditaria mais nas pessoas e principalmente no amor. Perderia alguns medos, deixaria de ser tão ansiosa (deixaria a vida me levar). Usaria óculos escuros, pois assim, talvez não estaria com astigmatismo hoje. Seria mais solidária, mais vida. É isso.
4. Eu teria mais cautela em algumas coisas e mudaria algumas delas, inclusive em relação aos estudos. Teria aproveitado mais as oportunidades que deixei passar, mas, por fim, não arrependo-me de muitas coisas que fiz e deixei de fazer.
5. Teria estudado mais e trabalhado menos.
6. Faria o possível para melhorar meus conhecimentos acerca de alguns assuntos relacionados à área física, sobretudo matemática.
7. Viveria de maneira mais intensa; valorizaria as coisas mais simples da vida, tais como: o amor, a reciprocidade, cumplicidade, amizade...
8. Daria mais valor aos estudos; sorriria mais, me estressaria menos e daria valor às boas coisas da vida.
9. Seria mais prudente nas minhas escolhas.
10. Faria as coisas bem melhor, pois estou mais experiente.
11. Tentaria ter menos medo de viver, pensaria muito antes de agir para não cometer os mesmos erros.
12. Viveria alguns momentos com mais intensidade.
13. Estudaria mais matemática e português. (BASTA LER MAIS E FAZER MAIS EXERCÍCIOS)
14. Corrigiria meus erros, não teria medo de arriscar, me entregaria mais à vida.
15. Eu diria palavras que não disse a quem merecia. (Reconciliação ou rancor?)
16. Teria mais consciência dos meus atos, pensaria mais antes de agir. Talvez (talves) mudaria algumas atitudes.
17. Dedicaria mais tempo aos estudos.
18. Talvez não faria (fizesse) licenciatura.
19. Eu já teria me formado, estaria trabalhando, exercendo a profissão e ajudando as pessoas que precisam.
20. Daria valor às coisas mais simples e menos importância ao que os outros pensam de mim.
21. Mudaria pequenos detalhes, evitando alguns erros.
22. Dedicaria mais atenção para tentar acertar onde deixei a desejar.
23. Eu faria tudo exatamente igual.
24. Não mudaria nada.
25. Faria tudo outra vez.
26. Faria tudo outra vez.
27. Faria tudo outra vez.
28. Faria tudo quase igual.
29. Erraria tudo exatamente igual.
30. Faria tudo diferente.
31. Faria tudo diferente.
32. Deixaria de ter feito muita coisa e feito escolhas totalmente diferentes.
33. Eu não viveria da mesma maneira.
34. Faria escolhas diferentes e mudaria muitas coisas.
35. Seria diferente.
36. Cultivaria a ignorância em todos os níveis cabíveis, pois a ignorância é uma dádiva.

Vamos organizar os dados agora para podermos trabalhá-los reflexivamente.

UNIVERSO 36 ALUNOS
MUDAVA TUDO          FARIA TUDO NOVAMENTE    REPENSARIA ALGUMAS COISAS A FIM DE MUDÁ-LAS


07 ALUNOS(19,44%)        07 ALUNOS (19,44%)                                         22 ALUNOS (61,11%)

Como vocês podem perceber a vida é complexa e nos desafia constantemente a agir diante dela. A vida que se dá no mundo. Todos e todas estão certíssimos em suas afirmações, reafirmando a singularidade de cada um e as reações diferentes diante do mundo que cada um expressa. As pessoas não estão erradas por se pronunciarem, por colocarem-se frente aos desafios do mundo que exige novos pronunciamentos que, na maioria dos casos, são sempre originais, mesmo quando ditos com as mesmas palavras, com os mesmo signos, o sentido é sempre dado pelo contexto em que a pronúncia é feita e ao interlocutor a quem se endereça a pronúncia.

Algum de vocês precisaria mudar tudo. É importante. Algumas pessoas desejam uma renovação completa de si e as vezes não compreendem porque são como são, embora desejassem serem outras, sendo elas mesmas. Eu também passo por isso e percebo que algumas pessoas pensam que sou um idiota, porque sou como sou. Um aluna de Educação Física perguntou-me, por exemplo, por que eu era tão diferente no Campus daquele que escrevia em meu blog? Pois é, há uma face em mim que também rejeito mas que pareço não ter controle sobre ela. Percebo que alguns alunos e algumas alunas desejariam que eu fosse diferente e compartilho esse dilema desde que sou criança.

Algumas pessoas as vezes não entendem que os estudos não são prioritariamente para passarem em concursos, serem reconhecidas, etc. mas como um modo de autoconhecimento, como uma metacognição que procura entender o nosso entendimento, o que fica claro em algumas afirmações de vocês. Afirmações como:

Viveria de maneira mais intensa; valorizaria as coisas mais simples da vida, tais como: o amor, a reciprocidade, cumplicidade, amizade...; Enfrentaria os meus medos, amaria mais e trabalharia menos. Faria coisas simples e prazerosas, reinventaria a arte de viver e faria da minha vida um mundo de infinitos sonhos.

Amaria um pouco mais, passaria mais tempo com minha família, me dedicaria com mais intensidade aos meus objetivos. Pra falar a verdade, viveria tudo outra vez, buscando compreender minhas falhas, como tentativa de superá-las com maior amadurecimento.

Mudaria um pouco a minha personalidade. Deixaria de ser tão pessimista, confiava mais em mim, acreditaria mais nas pessoas e principalmente no amor. Perderia alguns medos, deixaria de ser tão ansiosa (deixaria a vida me levar). Usaria óculos escuros, pois assim, talvez não estaria com astigmatismo hoje. Seria mais solidária, mais vida. É isso.

Eu teria mais cautela em algumas coisas e mudaria algumas delas, inclusive em relação aos estudos. Teria aproveitado mais as oportunidades que deixei passar, mas, por fim, não arrependo-me de muitas coisas que fiz e deixei de fazer.

Erraria tudo exatamente igual; Daria valor às coisas mais simples e menos importância ao que os outros pensam de mim; não teria medo de arriscar, me entregaria mais à vida.

Tais afirmações revelam que o conhecimento não pode ser simplesmente um instrumento pragmático para ter “sucesso” na profissão. O “sucesso” da vida pode ser, simplesmente, a reinvenção da arte de viver e de fazer da vida um mundo de infinitos sonhos. Pode ser também: passar mais tempo com a família; Deixar de ser tão pessimista, confiar mais em si, acreditar mais nas pessoas e principalmente no amor. Perder alguns medos, deixar de ser tão ansiosa (o) (deixar a vida te levar). Dar valor às coisas mais simples, reconhecer o valor dos erros como momentos importantes para nosso aperfeiçoamento humano. E, por fim, a arte de se entregar à vida, como um conhecimento vivo que pulsa, que até na hora da morte, ora para continuar vivo de outra forma, em outro tempo e espaço, pois a vida é uma preciosidade que a imprudência e a loucura do mundo insiste em ameaçar.

Qual a relação que podemos estabelecer com a educação inclusiva a partir desses dados iniciais e singulares de vocês? Bem, vocês observam que, dentro de cada um existe algo a ser corrigido, mesmo aqueles e aquelas que fariam tudo exatamente igual. Somos imperfeitos por natureza, sempre temos uma "deficiência" e sempre há algo em nós que escapa, que foge à normalidade padrão e que ocultamos, pois, não sendo tolos, não podemos expor nossas fraquezas ao inimigos de plantão que estão à espera de uma oportunidade para nos atingir onde somos mais frágeis. Mas todos querem ser incluídos, justamente por percebermos que o mundo tem uma máquina incansável de exclusão, presente em todas as culturas. Tem o excluído porque é baixinho, outra porque tem um narigão, outra porque é negra, outro porque tem dificuldades para falar em público, outro porque mora na zona rural “de acolá”, outro porque é do candomblé, outro porque não consegue arrumar namorada, outro porque é isso e aquilo outro. É assim nosso mundo, onde forças de exclusão e forças de inclusão se debatem permanentemente em busca de hegemonia. Essas forças estão dentro de nós, nos esconderijos do inconsciente há um sabotador de nós mesmos, que não entendemos bem como ele foi parar lá, mas que insiste em atrapalhar nosso ser de ser mais. Por isso eu digo em sala de aula que somos sapiens e demens, numa luta interminável que exige constante reflexão para dentro de nós mesmos. Precisamos ir para o Divã e nos perguntar:

Por que eu resisti a estudar quando mais devia? Por que eu fugi de estar com minha família em momentos que poderia estar com ela? Por que eu esqueci das coisas simples da vida e fui sofrer a batalha da conquista de coisas que, depois, se mostraram irrelevantes? Porque os medos me paralisaram, que são medos que poderiam ser enfrentados em nome de objetivos maiores? Por que a coragem que tanto valorizo no outro não encontro em mim mesmo (a)? Por que eu não aceito os desafios do mundo e me escondo numa certa mediocridade coletiva? Por que eu não encaro meu tempo na universidade como um tempo de transformação qualitativa de meu ser profissional e pessoal?

E, diante disso tudo, fico muito contente com o amadurecimento de vocês. Essa turma cresceu e se faz perguntas muito interessantes e profícuas que revelam tal amadurecimento e, inevitavelmente, vão conduzí-los a patamares elevados de compressão de si mesmos, do outro e do mundo.

Um abraço afetuoso: Joselito M. de Jesus.

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