sexta-feira, 8 de abril de 2011

Impactos, hipocrisias e educadores

"Piso nacional de professores terá impacto de R$ 1,8 bi"

Tem duas coisas na informação acima que desejo comentar:

Uma é o "impacto" do piso salarial do professores nas contas das prefeituras e do Estado. Fico refletindo sobre a palavra utilizada: "impacto". A utilização das palavras não  é inocente, elas estão eivadas de ideologia. É quase um pedido para nós, professores, desistirmos do direito garantido por lei. Quem vive honestamente não deseja causar impacto negativo à sociedade e ao Estado. Por isso trabalha duro. E por isso mesmo merece um piso salarial decente. O superaumento dos gordos salários dos nossos "dignos" representantes políticos não causa "impacto". Os milionários desvios dos dinheiros do metrô de Salvador, que até hoje não teve nenhum suspeito, nem terá, não causaram impacto à prefeitura e ao Estado. Os bilhões para se fazer Estádios de futebol para o mundo ver, não causa "impacto". A farsa que é a educação básica, inclusive de escolas privadas, no Estado da Bahia, com semianalfabetos chegando à universidade, não causa "impacto". Uma geração inteira desprovida das ferramentas intelectuais imprescindíveis para sua emancipação social e política, sua capacidade de intervenção técnica e científica na realidade natural e social, não causa "impacto". Ora gente, precisamos repensar nossos valores! O que causa "impacto" nas contas públicas não pode ser um salário decente para professores, mas a indecência de abandonar toda uma geração à própria sorte, pois quem não tem educação de qualidade depende da sorte, ou pior, da má sorte. Aceitamos essa precária condição social e cultural dessas crianças e jovens abandonadas pelo Estado, pelos municípios e pelos atores do sistema educacional baiano e brasileiro. Secretários de Educação incompetentes, escolhidos a dedo por prefeitos descomprometidos com a educação e com as demais necessidades da população. Essa escolha se dá não por sua capacidade de gestão, mas por sua habilidade de puxar o saco do alcaide e de defender interesses escusos do grupo político ao qual pertence.

Os municípios não têm bril. Têm um orgulho fajuto e ilusório de uma história amparada num passado mal traçado pelas elites locais (se é que se pode assim denominá-las). Um município deveria ter orgulho da capacidade intelectual e da criatividade de seus cidadãos; um município deveria ter orgulho de seus poetas e artistas, de seus educadores comprometidos com um ensino de qualidade eficaz para seus educandos; um município deveria ter orgulho do domínio técnico apresentado por seus membros em áreas de interesse econômico e social. É sobre esses atores que as luzes devem ser lançadas!!! Não para canalhas que têm discursos vazios na ponta da língua, e colocam suas gravatas e paletós para parecerem mais do verdadeiramente são: canalhas!!! Aí eu apelo para Jesus, quando denuncia o bando de hipócritas do seu tempo. Túmulos caiados por dentro, podres, mal cheirosos, asquerosos. Isso me causa IMPACTO! Dinheiro sempre tem, e sempre terá, de onde vem, de onde virá, se do Estado, se da União, não importa. O que importa é valorizar o professor, o educador, supervisionando rigorosamente o seu trabalho, trazendo a sensação e o sentimento de seriedade que precisamos para acreditar que isso pode mudar.

O segundo comentário que desejo fazer é o seguinte: assim como o Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Beltrame, está limpando a polícia do Estado, melhorando assim a eficácia policial, também é imprescindível fazer uma faxina no sistema educacional baiano e brasileiro, da educação básica ao ensino superior, afastando vagabundos que fingem que dão aulas e canalhas indicados, assumindo responsabilidades para as quais não têm competência alguma. Minha experiência demonstra que a maioria dos professores com os quais estabeleço interações, mal sabe elaborar um plano de aula. QUEM FORMOU ESSE PESSOAL?!!! Ou melhor: quem DEFORMOU? Porque esse pessoal que não aprendeu recebeu o mérito do diploma e os aplausos de uma conquista vazia e fajuta? Os rituais e as comemorações deveriam remeter a uma conquista suada, ao árduo e valoroso labor, mas não, representam conquistas ilusórias, aprendizados simplistas que não fazem com que o portador do diploma tenha condições técnicas para agir conforme o saber que o diploma aponta. Ora, eu estou de saco cheio de quem escolhe a profissão intelectual, mas não gosta de ler, nem de escrever, nem de pensar. Vá trabalhar na cochichina!!! Mas deixe o sistema de educação, repito, de educação, em paz. Vá vender seu peixe em outro lugar, pois seu peixe tá fedido, tá passado, ultra-passado. Não sei se adianta estabelecer 1/3 da carga horária para o professor se este a utiliza para "ir ao médico", ou sempre sua "dor de cabeça" sistemática acontece naquele horário programado do planejamento e da avaliação diagnóstica de suas aulas na semana. Vá embora e deixe os educadores de verdade fazerem o seu trabalho. Ora, precisamos deixar de ser maniqueístas e ficar culpando apenas o Estado pelos problemas do sistema educacional. Todos somos culpados e é chegada e é passada a hora de olharmos no espelho de nossas ações e mudarmos de atitude, do ponto de vista coletivo.

E para os educadores que fazem o seu trabalho direito, mais salários, mais respeito, mais dignidade na profissão, melhores condições de trabalho e carreira. Ah, quase ia esquecendo: para os canalhas corruptos, indolentes e hipócritas: CADEIA!!!

Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel

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