quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OLÁ MALU FONTES

Estava lendo uma reportagem de um crime que aconteceu em Várzea do Poço, região de Jacobina. O sujeito matou sua esposa na frente de uma criança de quatro anos. Matou, na verdade, duas pessoas. Um crime bárbaro, aliás, qual é o crime que não é bárbaro? Nós homens, se é que assim podemos ser denominados, não aceitamos a perda no campo sentimental, revelando o quanto somos mal educados pelo machismo que grassa o nosso pensamento e caracteriza o nosso comportamento. A mulher no Irã é apedrejada quando há a suspeita de traição, mesmo que o “corno” esteja criando chifres no além. Alguns homens brasileiros revoltam-se com tal barbaridade, pois a mesma demonstra o quanto o Irã está no tempo das cavernas. Ora, tais homens não hesitam em assassinar suas esposas e companheiras quando são rejeitados pelas mesmas ou são traídos. “Lavam a honra com sangue!” e saem de cabeças erguidas para um novo e futuro, quem sabe?, crime passional. Usam métodos mais modernos, como o tal do Mizael, que utilizou de sua experiência na polícia e como advogado para assassinar sua ex-companheira, por não aceitar o rompimento da relação amorosa.

Estou numa fase em que reflito minha própria condição humana. Eu sou homem, nem branco, nem negro, mestiço, relativamente educado, que trabalha com a formação humana. Isso exige de mim profundas reflexões sobre minha coerência, que você aponta em seu texto. Até que ponto não sou mais um hipócrita nessa história da relação homem-mulher? Até que ponto não faço minha esposa sofrer em função dessa doença social chamada machismo, que pode muito bem, estar agindo nos umbrais de meu inconsciente? Bem, como educador, cada vez mais, estou introduzindo em minha prática educativa reflexões dessa natureza, a fim de dialogar com meus demônios e tentar exorcizá-los, tanto individual, quanto coletivamente. Convido todos a fazerem o mesmo: dialogar com seus demônios, inclusive e principalmente com aquele denominado "hipocrisia".

Surgiu agora a polêmica sobre a proibição do uso do véu em público nas mulheres na França. Os homens que obrigam tal uso defendem-se utilizando o argumento da tradição, pois, segundo eles, o corpo feminino desperta o desejo sexual do homem. Ora, creio que tal argumento não é válido. Nesse sentido, os homens também teriam que usar véus e burcas, pois eu tenho alguns amigos homossexuais que teriam fortes desejos sexuais ao verem as pernas, os peitos, os pés e os bigodes de um homem.

Parabéns, mais uma vez, pelo seu texto, pois ele ajuda-me, ajuda-nos, a refletirmos nossas desgracenças e combater nossos demônios, que são introduzidos pela sociedade em nosso corpo desde que somos crianças.

 Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.

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