Corre o tempo em linha reta
pra contar entre dois pontos
o começo e o fim
como tudo aconteceu
antes e depois de mim.
Corre o tempo pra ligar
a princesa ao escravo
o libertador ao libertado
o ponto B ao ponto A.
Corre o tempo pra contar
antes que outro tempo chegue
a História do Brasil
conta um conto aumenta um ponto
do que nunca existiu.
Conta a data e o acontecimento
diz que é fato positivo
cria o dia feriado
que não conta o sentimento
de um povo explorado
Conta o tempo e faz as contas
interpreta a seu sabor
omite a ideologia
legitima o escravo e o senhor
Corre o tempo nesse filme
quadro a quadro ficções
tempo cria os seus livros, personagens
grandes imaginações.
Bota o tempo a sua máquina
pra imagem sem defeito:
a princesa assinando a liberdade;
imperador dando grito do Ipiranga;
marechal proclamando a república;
presidente criando nova possibilidade.
Nesses pontos interligados
não há povo organizado
nem revoltas populares
não há sinais de rebeldia
de outros tempos a contar
outros pontos para além
de ponto B e ponto A.
Do ponto G ao ponto de ebulição
nossa história,
muitas contas a acertar...
as palavras enforcadas nas gargantas
querem gritar
todo o silêncio explosivo
que o sentido quer ressignificar.
todo o silêncio explosivo
que o sentido quer ressignificar.
Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel
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