O que nós queremos é viver. Viver de todas as formas,
viver de todos os ritmos, viver de muitos deuses;
viver com o nosso nome, viver de prazer, de emoção;
viver de existir!
Nós queremos desejo. Desejo de muitos
desejos cruzados de todas as tribos.
Desejos singelos; desejos profundos.
Desejos de lua, desejos de estrelas, desejos de fundo,
desejos de cheia e desejos minguantes, desejos imigrantes.
Nós queremos inventar um tempo pra nós.
Um tempo sem pressa; um tempo de olhar,
olhar sem saber, apenas tocar
suavemente as coisas, sem querer possuí-las,
nem manipulá-las.
Queremos andar distraídos, sem objetivo algum.
Ir pra lá, ir pra cá, ir pra qualquer lugar
dentro/fora da gente.
Queremos parar. Parar pra ficar um tempo parado
de qualquer lado da rua,
a qualquer hora do dia
com direito a assobiar.
Queremos ir para todos os lados, para todos os cantos
e não apenas pra frente.
Queremos voltar atrás, voltar pro lado, pra cima, pra baixo.
Queremos andar no passo arrastado e gingado de Bezerra da
Silva;
derrotar a pressa inútil e assassina.
Queremos um outro ritmo pro mundo.
E nesse ritmo queremos tocar a nossa existência,
sambando, dançando no rock, no jazz, no chorinho,
na bossa lenta, no rap...
Ouvindo a orquestra, a seresta, o canto gregoriano;
o tango, o mambo, o nosso reinado artístico popular e mais
tudo.
Queremos trabalhar para viver, num ritmo, num estilo próprio;
queremos umas outras ordens/desordens,
outras formas de organizar, de distribuir, de decidir
o poder, os dinheiros, as comidas, as águas, a vida...
Queremos todas as belezas de todos os povos;
todos os saberes, todos os contextos,
todas as memórias, todos os poemas.
Queremos muitas linguagens, muitas linhagens,
Queremos preservar toda forma de vida
E inventar outro mundo em ações milagrosas
de seres humanos.
Autoria: Joselito da Nair, do Zé, do Rafael, de Ana Lúcia, de
Tantas Gentes e de Jesus, O Emanuel.
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