É Senna. É duro.
É tão duro ver um
muro de concreto
diante da vida da
gente.
Pensa, como é difícil
ter que suportar
tantos muros que nos
cercam
nos exigindo a linha
reta
nos proibindo a
tangente.
É triste e doloroso
lutar como um leão
por um prato de arroz
com farinha e feijão.
Sou humano:
e já tem tanto
alimento
estocado.
É duro ter de
aguentar
tantos defeitos
mecânicos:
a fome, o despejo,
o latifúndio,
a miséria
o desemprego.
Que nos atira fora da
pista
que nos cospe fora da
vida
nos lançando contra a
violência
concreta de um muro
de mentiras e
preconceitos.
Joselito Manoel de
Jesus, Professor, Poeta e Corredor de rua
Este poema eu fiz quando da morte inesperada e trágica de Airton Senna, um cara que muitos brasileiros aprendeu a amar e respeitar. Mas o poema responde à forma como a mídia espetacularizou a morte dele. Penso que, enquanto muitas crianças e muitos jovens morrem tragicamente pelas mãos de uma polícia assassina e de um governo omisso, negligente e incompetente, ninguém preocupa-se com os mesmos, nem denuncia a máquina social assassina e psicopata que se alimenta de gente, principalmente se essa gente for pobre, negra, mulher, homossexual, índio - que jovens de classe média alta podem queimar sem a devida punição. Os Sem-Nada clamam por justiça, por verdade, por solidariedade, por amor.
ResponderExcluirEsse poema vai ao encontro desses clamores.
Eu não quis melhorá-lo. Deve ficar assim para sempre, como poema que gritou em meu ser e precisou ser pronunciado dessa maneira, com essas precisas e preciosas palavras.
Joselito